30. Criadores de Runas (Parte I)

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Na quinta-feira a turma conheceu a Oficina de Criação de Runas, um galpão de dois andares com quatro metros de altura cada. Diferente das salas de aulas, as fileiras de bancadas da oficina não eram separadas por níveis, mas em compensação, sobre as longas superfícies repousavam ferramentas típicas de uma oficina, como: martelos, serrotes, formões e etc... Também presentes nas estantes e prateleiras ocupando as laterais do ambiente impregnado pelo marrom acastanhado da madeira.

Ocupando um lugar equivalente ao da sala de aula, sentado na penúltima fileira da coluna do meio, o entusiasmo de Ronan era nítido, bastava olhar para sua perna balançante para notar os espasmos de ansiedade, mas seu vizinho não compartilhava da mesma empolgação.

— Dá pra parar? Você está fazendo a bancada toda tremer — resmungou Dario.

— Foi mal, nem percebi.

— A propósito, por que a Anna não veio sentar perto da gente? Ela tá meio esquisita esses dias, não acha?

Ronan mirou a bancada onde ela sentava junto de Nathalia, na primeira fileira da coluna esquerda. As duas conversavam bem humoradas. Ao refletir sobre a pergunta de Dario, Ronan optou por omitir a verdade.

— Não sei, deve ter acontecido algo.

— Será que é por causa do pai dela?

— Talvez...

— Pobrezinha. Ela passou por tanta coisa Deveríamos ajudar ela de alguma forma...

— Não precisa! — Ronan se exaltou

— Porque não? — inquiriu Dario com um olhar desconfiado

— Ela não gosta de gente se metendo na vida dela.

— Bom. Eu vou acreditar em você, afinal, não sou eu quem fica estudando pertinho dela na biblioteca depois da aula — Dario concluiu com um sorriso malicioso estampado no rosto.

Lá na frente o novo professor terminou de escrever no quadro, mas o que se revelou por detrás dele não foram anotações, mas um desenho, uma esfera misteriosa irradiando quatro rabiscos nas diagonais.

Como o professor não havia se apresentado quando conduziu a turma até a oficina, ele optou por fazer isso agora.

— Eu me chamo Ronaldo Rodrigues, sou natural de Alvovale, leciono a mais de 30 anos e serei o professor de Introdução à Criação de Runas. Isso é tudo que vocês precisam saber sobre mim. Como eu valorizo meu tempo acima de tudo, já me dei o trabalho de apresentá-los à primeira runa a ser criada por vocês.

Um silêncio se arrastou por um minuto completo, os alunos se entreolharam espantados, em dúvida sobre o que deveriam fazer.

O professor caminhou até um grande caixote de madeira localizado entre sua mesa e a primeira fileira de bancadas. Com a mão direita ele abriu a tampa destrancada. Alunos se levantaram, espicharam e espiaram para dentro do caixote. Pouco se via devido à ausência de uma iluminação direcionada. Tudo que testemunharam foi a mão de Ronaldo entrar e voltar de lá carregando um cubo de madeira tão grande quando a mão esticada do professor.

— Este — anunciou erguendo o bloco. — Este será o recipiente da primeira runa de vocês. O que eu quero que façam é gravar aquele desenho, também chamado de padrão. — Apontou para o quadro. — Em um bloco de madeira como este em minha mão.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora