34. Duelos (Parte III)

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Após o término do torneio, a turma da sala A-102 se reuniu em frente ao pavilhão de eventos para receber os bravos colegas competidores. Do lado oposto da entrada do pavilhão, Dario surgiu mancando com a ajuda de uma muleta pega na enfermaria. Ao seu lado vinha o rapaz que o conduziu até lá, Ronan, com um desânimo melancólico no olhar.

Palmas e palavras de incentivos ecoaram no ambiente universitário, dissipando um pouco a tristeza estampada na cara dos recém-chegados.

— Que felicidade é essa gente? Nós perdemos, não passamos da segunda rodada.

Como se ignorasse as palavras do colega, Jonas se adiantou.

— Se não fossem por vocês, não teríamos ninguém nos representando este ano.

Apesar das congratulações, a atenção de Ronan estava em Karen. Agora ela estava próxima de Anna e Nathalia, mas não recordou de vê-la lá dentro, ao menos não sentada junta delas.

— Parabéns Ronan, você foi maravilhoso, uma pena que tenha parado por um acidente tão bobo, né? — Anna elogiou, envolta pelos braços da amiga de cabelo dourado.

Voltando-se para toda a turma, Nathalia sugeriu:

— Deve ter algum lugar aqui perto para irmos comemorar, o que vocês acham?

— Por mim tudo bem — disse Anna.

— Desculpa amiga, mas eu não posso — Karen respondeu.

Com desculpas semelhantes o resto da turma também justificou sua ausência.

— Que tal então nós quatro? — Nathalia tentou mais uma vez.

Os derrotados se entreolharam e com um singelo menear, Ronan aceitou o convite, seguido pela resposta do garoto com o pé machucado:

— Pode ser...

Por vinte minutos os quatro vagaram pela capital em buscava de qualquer estabelecimento minimamente adequado para passarem o tempo. Mas essa amizade insipiente causou uma desconfortável estranheza entre os quatro. Nenhuma palavra era dita. O silêncio prolongou-se a cada passo, a cada expiração, a cada encarada.

Após percorrerem mais algumas ruas o grupo avistou a Praça dos Heróis. Por um silencioso tempo admiraram a beleza do local com suas as inúmeras árvores e arbustos floridos, iluminados pela farta luz do luar da noite estrelada.

Nessa rua pouco movimentada, apenas alguns casais caminhavam enquanto pouquíssimos cavaleiros e carruagens se deslocavam despreocupados devido à ausência da multidão se aglomerando. Uma lufada de vento uivou na janela do casebre atrás do grupo, fazendo com que ela se fechasse num baque altíssimo. Anna saltou para trás em meio a um gritinho apavorado, o corpo inteiro dela tremia, mas Nathalia ria de chorar, contagiando Ronan e Dario.

Compondo a moldura pavorosa que era o rosto de Anna, a palidez provocada pelo susto era ressaltada pelos fios do cabelo castanho que tremulavam em frente às pupilas dilatadas, imóveis. Por muito tempo ela não se mexeu. Os risos antes fartos e despreocupados foram morrendo a cada segundo. A preocupação envolveu Nathalia, que após certo ponto, temeu pela situação catatônica da amiga. Ela se aproximou de Anna, levou suas mãos aos ombros dela, olhou naqueles olhos castanhos e...

— Moooorra! — Anna gritou perto do seu ouvido.

Foi como se a palidez no rosto dela fosse transferida para Nathalia.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora