36. As Runas de Ronan (Parte V)

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Com lágrimas nos olhos ele fitou sua mão, estava emocionado com o que via.

— Finalmente! — O brilho azulado irradiava o espanto estampado na cara dos seus amigos.

Anna, a mais sentimental do grupo se emocionou num choro tímido.

— Parabéns — disse ela com a voz trêmula, recostando a cabeça no ombro da amiga.

— Dois meses — Nathalia extravasou o alivio numa longa expiração. — Agora podemos desocupar o campo. — Apontou para Ronan — Está na hora de você retribuir o favor — finalizou com um sorriso no canto da boca.

Ronan secou as lágrimas com a manga do casaco.

— É claro, é claro, nada mais justo. Mas me sinto como uma garotinha ao me deixar levar desse jeito, ainda mais na frente de vocês.

— Sorte sua que reservamos esse espaço em um horário pouco movimentado — Dario justificou. — Mas vamos logo para a oficina. Quero aprender aquela porcaria de runa o quanto antes. Não quero me ferrar semestre que vem.

Cada um pegou o seu material e, juntos, saíram do gramado.

Anna, Dario e Nathalia esperaram Ronan na porta da oficina. Apesar de o espaço estar reservado neste horário para eles, alguém precisava ir à secretaria retirar a chave. Não demorou muito e Ronan logo surgiu no pátio, correndo do jeito dele, como se fugisse de um monstro invisível. Ninguém falou ou riu sobre o assunto, os três manteram a piada entre si.

Ronan parou para descansar e entregou a chave para Anna, que sem perder tempo, abriu a porta da primeira sala da Oficina Universitária.

— Eu ainda acho que deveríamos chamar o resto da turma — começou Anna como quem não quer nada. — Você se daria muito bem. — Ela encarou Ronan, e acrescentou: — Professor Briggs.

— Anna, o garoto iria explodir de nervoso, desculpa Ronan, mas é a verdade. — Nathalia o encarou com um olhar hipnotizante.

Doeu em seu peito ouvir aquelas palavras vindo dela.

— Eu sei. — Por sorte, a satisfação de aprender uma manipulação nova conseguiu camuflar a dor das duras palavras que diziam nada mais que a verdade.

— Como se você desse para professora.

— O que você quer dizer com isso, senhor Zeppeli?

— Quero dizer que você queimaria o primeiro espertalhão da turma.

— E com todo o prazer, para que sirva de lição para o resto da classe. — Faíscas crepitaram num estalar de dedos.

Anna deixou escapar uma risadinha.

— Escute aqui vocês três. — Eles se viraram. — Hoje eu gostaria de testar algo novo. — Ronan caminhou para a mesa do professor. — Como chegamos ao fim do mês, o meu treinamento com o professor Ronaldo terminou. E ele me ensinou algo incrível que eu gostaria de mostrar a vocês.

— Ui... até me arrepiei de emoção — Nathalia disse com tanto sarcasmo que recebeu de presente uma cotovelada da amiga.

— Nat! Fica quieta — Anna praguejou baixinho.

Os três se aproximaram da mesa do professor, onde a mochila de Ronan repousava ao lado de um longo embrulho. Os olhos de Nathalia se arregalaram em excitação.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora