34. Duelos (Parte I)

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Quando a semana do torneio de esgrima chegou, os estudantes da universidade não falavam sobre outra coisa. Nathalia e Anna imaginavam ser um evento importante, mas não a este nível. As duas contemplavam o suntuoso pavilhão de eventos decorado para a ocasião. Bandeiras foram erguidas e cartazes estendidos com variados símbolos e brasões. Mas algo chamou a atenção da garota do cabelo dourado. Em uma bandeira estendida na janela frontal, um leão bordado sobre um fundo branco a encarava, era idêntico ao brasão em sua bolsa. Contemplar aquele símbolo grande e familiar na bandeira, a desanimou.

— Que foi Nat, por que essa cara? — Anna perguntou.

Em vez de responder, ela mostrou o brasão em sua bolsa. Anna não percebeu logo de cara, mas sua amiga apontou o indicador para a bandeira estendida na janela do pavilhão.

— Entendi — A razão lhe atingiu como um raio. — Mas não fica triste não tá, vamos lá ver o Dario e o Ronan apanhar dos veteranos.

Nathalia não se conteve e uma risada escapou entre seus lábios. Anna a puxou pelo braço e as duas foram a passos largos até a entrada, onde dezenas de alunos se aglomeravam na porta, tentando passar todos de uma vez.

Após muitas cotoveladas as duas entraram e pararam mais uma vez, mas agora para contemplar o interior. Enormes arquibancadas de madeira foram construídas ali dentro para os alunos assistirem a competição. Cada nível era espaçoso. A madeira espessa proporcionava uma sensação de segurança para quem sobre elas, se apinhava.

Nathalia avistou um espaço vazio, largo o suficiente para as duas sentarem. Ela pegou na mão de amiga e a conduzia para o lugar avistado. Lá de cima, quase no topo da estrutura, as duas contemplaram a arena quadrada construída sobre uma base de madeira, onde os competidores digladiariam a qualquer instante.

Brincando com uma das suas franjas, Nathalia comentou:

— Você não acha que uma competição dessas ser sediada numa universidade de manipuladores... é algo um tanto... nada a ver? Não deveria ser uma disputa de conjuração?

Anna refletiu por um tempo, mas algo veio a sua mente.

— Não seria muito perigoso um duelo entre conjuradores?

— Seria, mas com as regras certas ela não seria assim tão perigosa quanto um torneio desses.

— A diferença é que não da pra tirar o fio de uma conjuração, também não há armadura que garanta a segurança contra as manipulações autorizadas.

— É só criar uma runa defensiva, né.

— Mas você precisaria mantê-la ativada. Além do mais, não deve ter cinquenta alunos capazes de criar uma runa forte o bastante para isso.

Nathalia a encarou com os olhos semicerrados, seus lábios se contraíram num biquinho debochado.

— Você é muito chata, sabia?

Anna deixou escapar um riso.

— Não é culpa minha se você não pensa direito.

Nathalia vingou-se desferindo um soco no ombro dela, forte o bastante para fazê-la chiar de dor.

— Sua desgraçada, você me paga.

Como duas crianças elas trocaram tapas e socos de brincadeira. Os veteranos ao redor fitaram o desenrolar até elas se tocarem do ridículo. Com as bochechas coradas, viraram para frente, esperaram a vergonha passar e riram daquilo tudo. Pouco depois, no palco lá em baixo, um rapaz vestindo um conjunto de couro marrom anunciou o inicio da competição:

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora