48. Contra-Ataque (Parte V)

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O trio esperava cruzar os portões do castelo e encontrar o inferno na terra, mas o que testemunharam foi o oposto. Uma vastidão vazia se arrastava da muralha leste a oeste do Colégio Arcano, salvo por dos ou três sentinelas ou guerreiros que os olhavam com desconfiança. Nenhum oficial foi avistado durante o trajeto. 

Restava apenas uma figura sentada sob a escadaria entre a entrada e o pátio, antes sempre tão movimentado.

Por um tempo eles apenas se encararam, a figura trajava uma armadura semelhante à de Ronan, mas num acabamento diferente. Quando ele pareceu dar-se por satisfeito, levantou e virou em direção ao interior do castelo, para anunciar:

— Chefe! Temos visita.

Ronan jurou ter visto um rosto numa das janelas do segundo andar, mas permaneceu em silêncio. O rufar de passos metálicos anunciaram a pesada armadura que se aproximava. Ronan testemunhou surgir das portas do castelo uma fortaleza humana, tamanha a imponência emanada pelo aço cinzento que o cobria. 

Tão grande era a habilidade de quem forjou a monstruosidade, que nem nas articulações ele pôde ver se o sujeito trajava uma cota de malha por baixo daquilo tudo.

O cavaleiro pareceu ter lhes dirigido à palavra, mas o elmo fechado dificultou o entendimento. O sujeito que o chamou repetiu as palavras do seu "chefe":

— Ele quer saber quem são vocês. Além do mais, porque não ostentam o símbolo?

Os três conjuradores se entreolharam com desconfiança. Mais uma vez Vitória tomou a liderança:

— Acabamos de chegar de uma missão, vocês também não ostentam símbolo algum pelo que vejo.

— Nós não precisamos portar símbolo algum. — Virou o rosto para o brutamonte do seu lado. — Eric?

O cavaleiro retirou o elmo fechado, revelando um rosto adulto, cansado cujos cabelos curtos, negros e arrepiados se desgrenharam devido à proteção que fora tirada.

— Vocês não parecem surpresos, muito menos demonstram reconhecê-lo. — levou a mão ao queixo para refletir. — Mostre a eles o machado.

— Chega de brincadeiras, Ivar — Eric reprendeu o subordinado antes de inquirir os três embaixo da escadaria. — Conheço meus camaradas como minha própria família, se vocês são aliados, então nos provem, antes que eu perca a paciência.

A rispidez cravada naquelas palavras assustaram os três jovens manipuladores.

— Mas quem é você para falar assim com a gente? — Dario irritou-se com a situação.

O machado de guerra agarrado na extremidade foi erguido, runas talhadas na face exposta revelaram um padrão desconhecido para os três. Mas pelas representações dos raios convergindo num vórtice, Ronan pôde fazer uma dedução sobre a natureza do poder residente na arma, porém seu potencial permanecia oculto.

— Príncipe da Tempestade — Ronan sussurrou para Dario, que captou a mensagem com uma expressão cética.

— Não pode ser — sussurrou de volta.

— As runas, presta bem atenção no desenho.

Antes que Dario tentasse compreender as figuras talhadas na cabeça do machado, o cavaleiro pôs o elmo de volta e empunhou a arma com as duas mãos, para lhes perguntar:

— Quem vocês servem?

— Servimos ao capitão Ian.

— Não o conheço, mas eu quis dizer: a qual império vocês servem.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora