48. Contra-Ataque (Parte VI)

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Ronan soube que nunca derrotaria esse tal Eric Tormensson. Não havia maneiras para vencer uma monstruosidade daquelas, não sozinho, não com conjurações e muito menos com sua espada torta como estava. 

Mas ver aquele Ivar, o maldito que executou sua mentora voar pela janela, lhe trouxe um pouco de esperança, justiça, talvez vingança. Porém, mal conseguia se mexer, com muito esforço conseguiu se ajoelhar, tentou agarrar a espada, mas seus braços não respondiam às suas vontades.

No pátio do castelo, Eric Tormensson lamentou a morte do companheiro.

— Descanse em paz meu bom camarada. Eu juro pôr um fim a quem lhe fez isso.

A pesada armadura chacoalhou a cada passo em direção à Ronan, quando menos de dez metros separavam um do outro, Eric disparou e saltou levando o machado aos céus para deferi-lo no coitado ajoelhado, segurando como podia sua espada torta.

— Pare! — uma voz feminina irrompeu da entrada do castelo, mas tarde demais.

A lâmina do machado desceu em Ronan, atingindo a placa peitoral, trespassando o aço. Sentiu a cota de malha romper e algo lhe perfurar. Caiu de costas no chão. Cuspiu sangue e tentou suportar a dor agoniante.

Anna surgiu na porta do castelo como um anjo, seus cabelos castanhos sacudiram ao descer a escadaria que a levou ao pátio. Ela se aproximou do cavaleiro que recuara atônito com sua presença, não sabia dizer se ela era uma ameaça, também não sabia que fora ela quem atirou Ivar pela janela do segundo andar. Anna o ignorou e correu para perto de Ronan, empunhou a espada de lâmina torta largada no chão, para dizer:

— Vai ficar tudo bem, eu tenho um plano — mentiu, pois ele sangrava assim como Dario.

Anna manuseou a espada com se fosse usá-la.

Segurando o machado com apenas uma mão, Eric Tormensson questionou:

— Foi você a covarde que fez aquilo com Ivar?

— Ivar? Fui eu sim.

— E pretende me enfrentar com essa porcaria?

— Eu nunca ganharia num combate desses, muito menos venceria essa runa irritante que absorve conjurações.

— Então?

— Irei apelar. — Anna recuou a ponta da lâmina e a desferiu em sua mão esquerda. Urrou tamanha a dor que a inundou quando o sangue escorreu da palma perfurada, caindo no chão.

— Não pode ser! — Eric demorou, mas compreendeu o que testemunhou. — Renegada! — esbravejou correndo contra a garota que gritava um lamento de partir o coração. Ergueu o machado e concentrou toda sua canalização em apenas uma das runas.

Anna ergueu o braço ensanguentado, tremendo. Concentrou todo seu ódio e frustração nessa conjuração. O sangue esguichou e converteu-se em fogo. A runa energizada do machado absorbeu as chamas sangrentas para si. Mas as labaredas não cessaram e continuaram a surgir da mão erguida por Anna Ambrósio, que ao mesmo tempo chorava e lamentava sua dor.

Caído no chão, Ronan testemunhou incrédulo. Não acreditava em seus próprios olhos. Chamas sangrentas, um fogo infernal, carmesim, era isso que Anna conjurava diante de si. A runa talhada no machado do cavaleiro falhou num lampejo. Baforadas lamberam sua armadura durante esse breve intervalo, derretendo um pouco da superfície metálica do peitoral.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora