43. Emboscada (Parte I)

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Três agentes imperiais corriam por entre as árvores do bosque seus perseguidores vinham atrás, diminuindo a distância a cada minuto. Liderando a empreitada, Diana desvencilhou-se dos galhos folheados em seu caminho. Seus dois companheiros, também espiões, disparavam conjurações contra os uniformes cinzas e azuis que os perseguiam, que para sorte deles, não revidavam.

Diana sacudiu a cabeça e encarou a trilha desconhecida. Suas luvas negras brilharam envoltas na cor púrpura. Da palma estendida emanou uma rajada de vapor que arrastou e consumiu as folhagens no alcance de dez metros. O calor excessivo combinado com o nervosismo da caçada a impediu de conjurar com mais eficiência, mas foi o bastante para ir limpando o caminho.

Um brado furioso irrompeu lá de trás, nenhuma palavra fora discernida por nenhum dos três espiões. Do bolso esquerdo do longo casaco marrom que vestia, Diana retirou um rolo de papel amarelado. Não parou, muito menos olhou para contemplar o relatório por ela escrito. Concentrou o pouco de energia que conseguiu, manipulou o ar em sua palma e atirou o objeto o mais distante que conseguiu. Não vira o resultado, pois focou sua atenção na trilha de terra úmida em sua frente.

O camarada da direita conseguiu acumular uma esfera alaranjada em sua palma. Ele reduziu o passo, levou a mão para trás e arremessou à esfera maciça contra a base de uma árvore larga, ela despencou, o cálculo mental foi preciso e o tronco caído tornou-se uma barreira a ser transposta por seus perseguidores.

Diana presenciou o camarada retornar ao seu lado direito, ele arfava pesadamente. Um lampejo iluminou a cerca da estrada em que a trilha de folhas evaporadas desembocava.

Mas uma monstruosidade coberta em aço surgiu logo depois. O reflexo na couraça dele redirecionou a luz solar para seus olhos, cegando-a por um segundo. Por um segundo que a fez ir ao chão. Os braços arderam perante as forças que a puxavam. Diana abriu os olhos e manchas incompreensíveis obstruíam grande parte da visão. Seus colegas Procuradores praguejavam ao tentar levantá-la.

— Merda! Diana, Precisamos sair da trilha o quanto antes — disse o mais jovem, a sua esquerda.

— Lembre que você nos disse "Se não puderem nos acompanhar, nós vamos deixá-lo para trás e essa regra vale para mim também" — disse o espião "lenhador", nervoso com o tempo perdido.

— Estou bem sim — Diana respondeu. Por sorte sofrera apenas arranhões, que doíam, mas não a impediriam de seguir em frente.

Sem perder tempo os três saíram da trilha, seguindo pelo matagal à direta. Gritos entusiasmados vieram de atrás. O farfalhar da vegetação tornou-se mais alto, denunciando a distância perdida, indicando estarem a menos de cinquenta metros dos perseguidores contornando ou escalando o tronco caído.

— Deveríamos ter enfrentado aquele cavaleiro misterioso. Assim perdemos tempo, e além do mais, estamos abrindo caminho para os desgraçados passarem.

Diana não soube dizer quem foi que proferiu a verdade. O matagal de fato os atrapalhava, mas ao vencerem às longas e abundantes folhagens, uma pequena trilha foi se formando, facilitando o percurso daqueles que os perseguiam.

Acabou, estamos mortos, foi o que Diana pensou antes de ser atingida no rosto por uma manopla de ferro. O soco levou-a ao chão. O outro punho agressor desferiu a espada no pescoço do agente mais jovem. A lâmina ensanguentada foi puxada da carne e desferida uma segunda vez, agora contra o outro colega de Diana. A espada curta brandida as pressas pelo espião tilintou ao aparar o golpe com sucesso. Suor escorreu pelo rosto do único agente imperial literalmente em pé.

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