35. Presentes e Problemas (Parte II)

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Horas depois, Dario, Anna e Nathalia estavam sentados no gramado do Centro de Práticas Arcanas, testemunhando em primeira mão o sofrimento do colega.

— Você consegue, só precisa se concentrar mais.

— Eu estou te falando professor, eu não consigo, eu não entendo. Eu já li o livro de cabo a rabo, pratiquei em casa, pesquisei na biblioteca, mas não consigo manifestar essa porcaria de energia pura.

— Você também teve dificuldades com a manipulação do vento, não é verdade? — perguntou o professor.

— Sim, mas isso é diferente. Já faz mais de um mês... que eu estudo e pratico todos os dias, mas de alguma forma... — sua face contraiu numa expressão feroz —... de alguma forma eu não consigo — grunhiu irado.

Com as pupilas dilatadas o rapaz contemplou os demais colegas. Cada um tinha as mãos envoltas numa discreta aura azul que dançava conforme o ritmo ditado pela canalização. Até Jonas, o menos empenhado da turma inteira já se divertia com o brilho irradiado por suas mãos. Ronan então olhou para as suas, idealizou-as irradiando como as de todos os colegas, mas tudo o que via era a cor da sua pele, numa tonalidade pálida, sem graça alguma.

Tudo isso em vão? Todo o tempo perdido estudando e praticando para nada?

Anna engatinhou para perto de Ronan.

— Eu posso te ajudar. Podemos parar com a minha pesquisa por um tempo. É o Mínimo que posso fazer depois de toda ajuda que você me deu até hoje.

Ele levou a mão aos olhos, secou alguns princípios de lágrimas e agradeceu a oferta:

— Obrigado — sua voz saiu um pouco tremida.

O professor entusiasmou-se com a demonstração de solidariedade.

— É isso que eu gosto de ver, amigos se ajudando em momentos de necessidade e retribuindo o espírito de seguir em frente.

Enquanto Anna ajudava Ronan com seu problema, Nathalia Aproximou-se de Dario e puxou a manga do casaco dele.

— Vem comigo, precisamos conversar. — Ela levantou e o arrastou para um canto.

Após chegarem a um espaço onde ninguém poderia ouvi-los, Dario a questionou:

— E agora?

— Você já sabia que ele tinha dificuldades, não é mesmo?

Notou que ela não estava para brincadeiras.

— Fiquei sabendo faz uma semana.

— Mas você fez alguma coisa para ajudá-lo desde então?

Ele amaldiçoou em sua cabeça aquela pergunta e respondeu pausadamente com um sorriso falso:

— Eu, não sou bom, com esse tipo de coisa.

— É a sua cara mesmo, mas ajude-o como puder. Não suporto ver o coitado sofrendo. Ainda mais após a derrota no torneio.

Dario irritou-a quando irrompeu em risadas.

— Você esta rindo do que?

— É muito esquisito te ver tão preocupada com ele. Não faz seis meses que você queria ferrar com nós dois. Achei essa ironia engraçada, foi só isso. — A gola do seu casaco foi puxada contra ela.

RonanOnde histórias criam vida. Descubra agora