16. A Conferência de Antares (Parte I)

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Uma semana depois.

O tortuoso chão pedregoso e irregular, que tanto atrasou o progresso da comitiva de Lince, chegou ao fim. Para o alívio geral, uma larga estrada de tijolos bem conservados trouxe o merecido descanso aos pés dos soldados, as patas dos equinos e as nádegas dos condutores e passageiros das carruagens e carroças.

O início do caminho pavimentado era uma descida suave, poupando esforços dos servos, cavaleiros e demais integrantes da comitiva da rainha Triss Loboprata.

Em frente às suntuosas carruagens, liderando a formação dos 50 melhores de Lince, Eric Tormensson fixou seu olhar nas belíssimas muralhas da Cidade Livre de Avska, eram paredões amarelados cujas torres em abundância eram dispostas em intervalos regulares. Cavalgando ao lado de Eric estava o seu companheiro de aventuras, Ivar, o seu braço direito, cujos olhos acompanharam o crescer do paredão conforme desciam o vale e se aproximavam do centro.

Ao observá-las mais de perto, Eric não pôde deixar de constatar.

— Devem ter uns quinze metros de altura.

— E de espessura? — inquiriu Ivar.

— Só saberemos ao passar por ela.

— Valendo uma rodada, qual é o seu palpite, capitão?

— Sete metros, sete e meio, no máximo.

— Aposto que passa de oito.

— Fechado. — Entusiasmou-se Eric.

No alto de seus cavalos eles selaram a aposta com um aperto de mãos.

Ao passar dos portões o grupo foi recebido pelo porta-voz do governador somado a um destacamento de guardas que o rodeava. Empostando a voz, aquele senhor calvo e barrigudo os recebeu com os braços abertos:

— Sejam todos bem-vindos à Avska, a Cidade Livre. Fico feliz em anunciar que vocês são a primeira comitiva a chegar nesta sexta-feira. Devo-lhes informar que em virtude de possíveis atrasos nós adiamos a conferência em um dia. Em vez de acontecer amanhã, ela foi remarcada para o domingo. Espero que isto não os incomode de forma alguma.

Batidas vindas da carruagem da rainha, ressoaram. Já sabendo o que fazer o cocheiro real conduziu o veículo até emparelhar com a comitiva do porta-voz. Sem rodeios a rainha do Reino de Lince saltou para fora ostentando seu majestoso vestido azul marinho. Acompanhada pelos cinco fiéis cavaleiros, ela se aproximou da figura corpulenta. Quando parou em frente ao porta-voz, ele fez uma respeitável reverência.

— Vossa majestade.

— Sem pieguices ou títulos desnecessários. Não sou sua majestade, e caso fosse, essa não seria a Cidade Livre.

— É claro. Perdoe-me, Triss Loboprata — desculpou-se com uma segunda reverência — Por favor, me acompanhem. Guiar-vos-ei até a estalagem designada para a comitiva.

Aquele linguajar a fez querer incendiar a cidade inteira.

— Vamos! — ela ordenou virando-se para seus vassalos.

Em questão de segundos todos se puseram em movimento. Triss havia voltado para a carruagem enquanto seus cavaleiros, Guardas Reais e Corvos da Tormenta montaram em seus respectivos cavalos para retomarem a marcha.

Ivar tinha algo a falar para seu superior.

— Oito metros e meio de espessura, capitão — anunciou sorridente.

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