Capítulo 27.

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Eu olho pela janela enquanto vamos para casa. O Harry está em silêncio, por razões óbvias. O seu maxilar está cerrado, a sua mão a segurar o volante com força.

Porque é que ele me beijou? Isso significa que ele gosta de mim? Porque é que ele gostaria de mim? Ele age como se me odiasse noventa por cento do tempo, e os outros dez por cento ele chateia-me.

A parte que mais me assusta é que eu beijei-o de volta. Eu puxei-o para mais perto, eu deixei-o beijar-me. E eu gostei.

Como é que pude fazer aquilo? Eu tenho o Aaron. Eu não gosto do Harry. Certo?

Isto significa que traí o Aaron? O Harry beijou-me, mas eu beijei-o de volta. Uma onda de culpa atinge-me como um tsunami e encosto a minha testa contra a janela fria.

"Não adormeças no meu carro." Harry diz num tom monótono, os seus olhos passam rapidamente por mim.

Suspiro.

Eu anseio por perguntar-lhe porque é que me beijou daquela maneira; e porque é que está a ser tão frio agora. Eu penso pela milésima vez que há tantas coisas que eu quero perguntar ao Harry, mas eu sei que ele nunca irá responder.

Chegamos ao apartamento e eu saio apressadamente do carro, sem esperar que o Harry me apanhe. Decido contra uma viagem de elevador constrangedora e começo a subir as escadas, os meus saltos a bater contra os degraus de cimento.

Quando chego ao primeiro andar, ouço alguém a subir as escadas, também. Paro e viro-me para ver Harry, os seus olhos baixos enquanto ele me apanha.

Ele pára onde eu estou e olha-me nos olhos, a sua expressão em branco.

Nós olhamos um para o outro por alguns momentos. O seu olhar é intenso, queimando com algo que não consigo decifrar. Eu engulo em seco.

Harry parece que quer dizer algo, e ele olha para baixo. "Aquilo não era suposto ter acontecido." ele diz calmamente.

Assinto. "Eu sei." mordo o lábio.

"Vais contar-lhe?"

Vou? Seria a coisa certa a fazer. Mas uma pequena parte de mim quer manter o acontecimento entre mim e o Harry - o nosso pequeno segredo que nós mantemos escondido.

"Não." finalmente digo.

"Porque não?" o tom do Harry é desafiador.

Encolho os ombros. "Tenho a sensação que ele tem os seus próprios segredos."

"Pensei que tinhas dito que ele nunca te iria magoar."

"Já nem sei mais."

Ele finalmente quebra o meu olhar e continua a subir as escadas. Eu viro-me rapidamente e sigo-o.

Chegamos ao nosso piso e o Harry procura as suas chaves nos seus bolsos. Eu procuro as minhas e destranco a minha porta, empurrando-a para a abrir. Viro-me e olho para Harry.

Há tanto que lhe quero dizer, dizer-lhe que gostava de nunca ter parado o beijo, que ele me faz sentir de uma maneira que nunca me senti antes. Mas ele está fechado agora, só me iria insultar.

"Obrigada por... me animares." digo baixo. "E... os teus amigos são fixes."

Ele olha para mim, franzindo ligeiramente as sobrancelhas. Ele assente antes de abrir a sua porta e entrar para o seu apartamento bruscamente, a porta fechando-se atrás dele.

Não posso evitar, mas gostava de ter dito mais alguma coisa - qualquer coisa, a sério. O Harry confunde-me e deixa-me perplexa para fim nenhum, mas essa é a coisa dos mistérios - são feitos para serem resolvidos.

Hidden / h.s [tradução pt]Onde histórias criam vida. Descubra agora