Passos Arcanos: Caminho da Honra

Capítulo 13 - Kaio Ufric

Os dias no mar eram mais puxados do que qualquer outro dia que Orion e os outros tiveram em terra. O Comandante ordenara que o chão fosse limpo, que as velas sobressalentes fossem lavadas com a água do mar, o que acarreta em alguns terem que pegar um bote e encher baldes de água do mar.

As cordas deveriam ser amarradas e soltas de tempos em tempos, um dos Aspirantes a Cavaleiro deveriam ficar na galinheira, a parte mais alta do navio, olhando ao redor, tudo para que pudessem ganhar mais corpo, sendo preparados para a noite.

E quando a hora chegava, quando as estrelas brilhavam no céu, o treinamento começava. Para os adeptos a magia, o Arcanismo Básico e os estudos da mana eram essenciais, tornando a maioria das vezes, livros e cadernos para fazerem anotações.

Os aspirantes a Cavaleiros eram os que colocavam a mão na massa. Eram entregues armas diferentes a cada dia, na tentativa de que suas posturas fossem cada vez mais relaxadas, para que se equilibrassem com qualquer armadilha que viria atravessar seus caminhos, para que seus inimigos os temessem.

E Orion, estando no Galinheiro, a parte mais alta do navio, na primeira semana, era o único que não estava treinando com tanto afinco. Wallace era testado pelo próprio Vladmir e seu escudeiro, trabalhando seus pontos cegos, tornando o brutamonte quase em um novo escudeiro.

Wally e Raisse, entretanto, usavam suas habilidades para impressionar um dos Cavaleiros experientes. Se conseguissem, iriam poder evoluir ainda mais em suas posturas. Com seus estilos de luta e senso de batalha aprimorado, alguns dos mais velhos já procuravam conversar com Vladmir para continuarem um treinamento mais aprofundado.

Orion não estava ligando para esses treinos. Sua memória era facilmente usada nesse sentido, ele poderia usá-la para copiar claramente cada movimento do corpo do adversário, para o levar ao limite, para simplesmente analisar e aprimorar o seu próprio.

Fosse em lutas, fosse em Arcanismo, ele poderia se considerar talentoso. Mas, do que adiantava o talento se fosse desperdiçado em treinamentos sem sentido para bajular os outros?

Sentado em cima de um dos barris, com um cheiro horrendo de peixe saindo de dentro do objeto, ele observava o treino coletivo de vários dos Cavaleiros e seus supostos escudeiros. Tediosos por assim dizer, eles estavam treinando o básico da defesa, então, descansou sua cabeça, abaixando e respirando fundo.

O navio navegava calmamente em uma noite calma, relaxada e sem muitos problemas. O silêncio só era corroído pelo choque das lâminas de ferro e aço, tornando o tintilar o som mais suave, até então.

Então, o som de uma explosão. A porta de uma das cabines estourou, enviando um jovem para o lado de fora, arrastado de costas até os pés de Orion. A face do garoto estava atônito, piscando rapidamente seus olhos, com fuligem preenchendo seus lábios e bochechas.

- Merda, Kaio – o grito veio da cabine, um senhor de idade, cabelos brancos aparados nas laterais e um rosto oval saiu mancando apontando para o rapaz. - É a segunda vez essa semana, já disse que deve diminuir a carga de mana dos círculos elementares.

As risadas ecoaram. Kaio Ufric, um dos nobres de outras planícies, de áreas pacificas, como Caldeiras de Ilhotas. Orion esticou a mão para ele, o ajudando a levantar.

- Tudo bem?

- Claro, claro – ele abanou a mão para o velho Mago que adentrou a cabine retornando a aula para os outros alunos. - Ele só sabe falar o obvio, por isso não aprendo nada sobre Arcanismo ou magia.

- Entendo bem como é. - Sorrindo, Orion se sentou novamente – Deve esperar que os círculos são mais do que apenas uma estrutura, é o que ele deve dizer para você.