Capítulo 119 - Poder dos Fracos

26 4 0
                                    

Bem-vindo, Lacrinário. Eu estava a sua espera.

Orion adentrou a sala. Era uma grande extensão circular, feita de Íbrio, Zargo e Cloata, todas misturas. Pilares e paredes estavam caídas, várias pedras e terra formavam entulhos em alguns cantos, mas um conjunto de degraus ligava um trono, tão negro quanto a espada que o Mago carregava na cintura.

Orion estava sozinho, mas ao parar apenas no centro do salão, um vento de temperaturas mistas colidiu contra ele, seus olhos brilharam e coçaram. Ele teve que proteger a face da poeira e quando os abriu, com dificuldade, o trono estava ocupado.

Um homem com um sorriso fino. Ele carregava uma vestimenta antiga, avermelhada e com várias listras azuladas diante seu manto longo. Um pano azulado prendia suas calças e usava botas finas.

– Ora, vejo que meu grande desafio é um rapaz de apenas 21 anos. Nunca esperei que viria um Humano tão novo como o grande portador de minhas irmãs. – Ele se curvou, nobremente, e seus brincos longos bateram um no outro, criando sons finos. – É uma honra conhecê-lo, Orion Baker.

Orion também se curvou.

– Igualmente, senhor.

– Sem formalidades. - Com a mão no peito, demonstrou o sorriso perfeito de um homem em seus 30 anos – Sou Magma, a consciência da Lácrina.

Sua mão foi para a esquerda, levando Orion a também encarar o caco no alto do salão, brilhando e rodopiando lentamente, no ar.

– Sou aquele que desafiaria o Lacrinário e veria se sua mente e corpo são aptos o suficiente para lidar com os cinco poderes, também conhecidos como os Cinco Arrependimentos. Sabe quais são?

– Medo, Lembranças, Fome, Angustia e Poder – Orion os recitou em ordem. – Os conheci quando estava nas Caldeiras.

– Muito bom, Orion – Magma bateu palmas. – É claro que conhece. Eu estou entusiasmado de lutar com você, vai ser ótimo para retirar as ferrugens que tenho nas minhas juntas. Olhe, tem até teia de aranha nesse lugar, e olha que nem gosto de insetos.

– Por que não limpou esse lugar? Está sujo demais, e não acho que alguém de sua classe deveria ficar em um lugar tão imundo. Quer ajuda para limpar?

– Seria desnecessário. Essas paredes caíram quando eu ainda era apenas uma semente de inteligência, nunca precisei me preocupar com o lugar, nem mesmo com as civilizações que me guardam. Não sou nada sem minhas irmãs, apenas uma fonte de poder gigante.

– Você é o último controle de equilíbrio na ilha, não é? - Orion o olhou, com certo pesar.

Ele respondeu, perdendo o sorriso do rosto.

– Está correto. Sinto que faz muito tempo desde que vi a grandiosidade nesse lugar que chamo de casa, mas nunca precisei de muito para me satisfazer. Apenas estar guardando a cidade que me protege é suficiente.

– Eles guardaram bem o seu segredo. Lifu é um homem honrado, quase me deixou perdido com tantas regras.

Magma sorriu novamente. Ele era um homem normal, aparentemente, seu sorriso e suas risadas, todas elas eram semelhantes a de um mortal.

– Devo dizer que ele aquele homenzinho me cativa sempre. Eu os observo, todos os dias, almejando um pouco da mortalidade deles. Viver eternamente deixa de ser engraçado quando não se tem a quem conversar, e depois que você pegou a única que conseguia comunicar direito comigo, fiquei um pouco angustiado.

– A Lembrança?

– Sim. Estando no topo da montanha, ela falava comigo sempre. Nossas ocasiões e conversas sempre foram inveja das minhas outras irmãs, mas nunca consegui me comunicar com elas, sempre tão preocupadas com o bem estar dos mortais e das bestas, nunca tinham tempo para mim.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora