Capítulo 118 - A Porta Lacrinária

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Com suas espadas, os dois Cavaleiros conseguiram quebrar o gelo interior, fazendo um pequeno túnel até Carla e Grimin. Eles se sentaram juntos, em silêncio. Foram pegos desprevenidos, o ataque do inimigo foi muito mais rápido e poderoso do que achavam.

Se não fosse pelo aviso de Grimin e a velocidade de Carla, Ross e Muriel estariam congelados. Era ruim xingar os Magos, mas ser salvos por eles mudava um pouco sua concepção. Com esse fator na cabeça, Ross virou-se para Grimin.

– Me desculpe.

Todos foram pegos de surpresa, até o próprio Grimin que estava vendo alguns tópicos em seu Quadro Arcano. A face de Ross estava abaixada, em vergonha.

– Não deveria ter desfeito da sua opinião. Um bom líder ouve a todos, e não fiz isso.

– N-Não. Está tudo bem – o gordinho rapidamente abanou as mãos, vermelho como um tomate. – Não precisa se desculpar. Fomos pegos de surpresa, fiz o que fui instruído a fazer.

– E o que te instruíram a fazer? - Carla perguntou, com um sobrancelha erguida.

– Salvar quem precisasse.

Ross e Muriel continuaram com sua face baixa. Era claro. Um Mago com o símbolo de proteção. Eles deviam a vida a um deles, e pior do que isso, Cavaleiros são obrigados a honrar qualquer jura de vida ou morte, mesmo que não seja do seu gosto pessoal.

Se alguém em leito de morte pedir que você cumpra um objetivo, você é obrigado a fazê-lo, nem que isso seja impossível. Se não for cumprido antes da morte, o Cavaleiro nunca andará nos Campos do Paraíso.

Era a única regra geral de um Cavaleiro.

– Não sei se vamos conseguir sair daqui sem alertar quem estiver lá fora. O gelo é denso demais para ver se tem mais de uma pessoa e se corrermos, podemos ser pegos de surpresa. Eles podem estar nos esperando.

– O mais fácil seria chamar os superiores com alguma magia a longa distância – Muriel completou, olhando para Ross. – O que acha?

– Daqui de dentro? Não dá. Tem que ser a céu aberto e bem pra cima.

Os quatro se silenciaram novamente, poderiam ficar algumas horas a mais ali, entretanto, com o espaço apertado e sem comida ou água, a situação pioraria a cada segundo que passava.

Carla deitou-se de lado, de cara para Grimin e fechou os olhos. Sua respiração começou a pesar. Seus braços doíam por ter feito a magia de maneira tão rápida, estava desacostumada a desenhar tão rápida, mas conseguiu assegurar seus companheiros.

Aos poucos, o cansaço subiu para os olhos, e ela dormiu.

– Depois de pegar a primeira Lácrina no topo da montanha, fui para o Exílio onde enfrentei três pessoas que também estavam com elas. Não quero machucar ninguém do seu povo, mas preciso saber se posso ir embora se juntar as cinco.

Uma voz familiar ecoou dentro da mente de Carla. Ela abriu os olhos. Estava em cima de uma ponte presa em bordas distantes e muito abaixo dela, a lava. Se segurou na corrente de ambos os lados.

– Onde estou? Isso é um Vulcão?

– Senhor Orion, eu... estou impressionado que tenha conseguido tanto em pouco tempo, e se permite perguntar, como conseguiu capacidade para unir tanto poder? As Lácrinas são forças que mesmo sozinhas, já são fortes.

– Tenho muitos objetos poderosos comigo, aqui – Orion retirou vários colares, todos presos em seu pescoço. – Cada um deles foi me dado por ter feito o que fiz. Não quero ser descortês, mas preciso ver a quinta parte, e sei que esse lugar não tem um Ancião ou algo parecido. O senhor é o líder por aqui.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora