Capítulo 114 - Gaiola

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Passar pela floresta até o Vale deu-se uma missão mais difícil do que imaginava. O caminho era totalmente conflituoso; Pedras altas barravam o caminho, parede altas para relevo superiores atrapalhavam e para onde Orion olhava, não via caminhos para subir.

A vegetação batia na cabeça dele, o dificultando ao ponto de não conseguir enxergar o que está além de 4 a 5 metros, tendo que enfiar a mão no meio do matagal erguido para conseguir ver. E quando chegava a outra parede, mais problemas apareciam.

Criaturas pequenas, do mesmo tamanho que coelhos e raposas corriam de um lado para o outro, mas não eram nem coelhos e nem raposas, e era isso que incomodava Orion. Elas saltitavam sem que ele conseguisse ver nada e começava a morder o couro de sua bota.

Ele contou mais de 4 criaturas que chutou para longe e não voltaram, pelo menos não inteiras. Era um lugar estranho demais e agora entendia o motivo dos Caçadores atuarem naquela área, o perigo estava até mesmo nos menores dos animais.

Subir para a elevação, longe de todas as matas, todos os pequenos animais e até mesmo conseguir ver a vila que deixou para trás fazia um dia era reconfortante. Se sentou, cansado de tanto caminhar e vislumbrou o cenário.

Era calmo. Ver um paraíso verde, com tanta riqueza era acalmante ao extremo, mas para deixar esse lugar do mesmo modo, deveria partir o quanto antes. Ele se levantou e foi-se, andando.

*

Caminhar dentro do Vale foi mais fácil do que caminhar fora dele. O relevo era plano, as pedras pequenas e pontiagudas estavam próximas das duas paredes, de lados opostos, que subiam a uma altura que Orion não conseguia distinguir.

O topo de ambas paredes sumiam depois de uma névoa, ou eram nuvens? Orion questionava que estava mais de dois mil metros acima do nível do mar. Respirava com dificuldade, levando a mão ao peito mais vezes do que antes, e a escuridão e o véu esbranquiçado que descia dos céus incomodava ainda mais sua visão.

O cinza preenchia mais do que qualquer outra cor, e a terra era negra, como se o próprio sol a tivesse cremado. Cada passo era afundar a sola centímetros e depois ter forças para conseguir puxar novamente.

A boca de Orion estava seca, mas seus sentidos ainda estavam aguçados. Algo em seu interior continuava a borbulhar, o conduzindo a continuar andando. Depois de horas dentro do vale, achou uma pedra maior e caída e se sentou.

O tempo continuava nublado em cima, o que dificultava ver se era dia ou noite, mas a falta de luminosidade já o ajudava. Ficou algum tempo sentado olhando para os Saural que estavam em seu pescoço e o colar dado por Amael.

Objetos valiosos e que deveriam voltar para casa, com seu dono. Orion ergue-se e continuo a jornada. Teria trabalho para cruzá-la por inteiro.

**

– Está muito tempo estudando a mesma coisa e parece que nunca aprende que a verdadeira natureza de um Mago não é apenas conjurar magias – Antrax disse, sério. – A única coisa que você deve tentar fazer é entender como um Mago age, e pelo que ele age.

– Se isso fosse fácil, eu não estaria sentada aqui mais de um mês tentando compreender os Magos passados. Isso é uma perda de tempo. Aposto que Orion nunca descobriu também.

Antrax permaneceu de pé. Carla andava agitada desde que vira seu amigo em outros dos sonhos, mas desde então, seu foco fora reduzido. Ela perdia lutas já ganhas e não conseguia fazer os exercícios do Arcanismo sem se distrair.

Ela poderia ser a melhor entre os Anões ou até mesmo os Humanos que residiam em Juntorril para treinar, mas seu desempenho caíra de maneira que afetava até mesmo as pessoas ao redor dela.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora