Capítulo 51 - Expec Antrax

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O céu nas águas do Norte, no Oceano Suaer, que cortava Archaboom e Juntorril, estava claro. As nuvens fugiram diante o navio que cortava as águas, velozmente. O limite do horizonte azulado era apenas uma pequena amostra para grandes mentes, muitos conheciam as verdadeiras leis físicas e sobre o planeta no qual viviam.

Uma esfera tão redonda que guardava segredos muitos anos esquecidos, de raças e famílias cujo tesouros poderiam ser inigualáveis. As moedas de ouro seriam apenas fichas ordinárias comparados com esses objetos de extremo valor, e era por conta disso que muitos vinham de lugares distantes para tentar a sorte nos boatos que percorriam o mundo.

O navio estava sendo arrumado continuamente pelos seus tripulantes. As cordas presas, as velas arrumadas de acordo com o vento, até mesmo o contramestre teria que ouvir e gritar mediações a serem tomadas enquanto avançavam para mais perto do porto.

Na parte dianteira do navio, um velho homem, com uma barba longa, enrolada e presa em uma única trança, encarava a mescla dos azuis. Pesado e um pouco cansado, ele não piscou por segundos, vagando sua mente em missões estranhas e sensações de desconforto.

Algo o atiçava, uma presença estranha vinda de muito longe. Forte e firme, seu poder crescia a cada segundo. O velho arrumou os ombros, abaixando a cabeça por baixo do capuz, e se segurando na borda de madeira.

- Espero que não seja tão ruim quanto estou pensando.

***

- Estão se divertindo? - Orion continuava com a boca cheia de bacon, espetando mais um pedaço de carne e enfiando na boca, sem se importar com Hana ou Prisma.

- Você sempre come dessa maneira mesmo? - Um pouco meio enjoada, a Jionita questionou encarando a velocidade que ele mastigava e engolia a comida. - Parece uma máquina.

Prisma ria.

Era a primeira vez em semanas que pôde sair para contemplar o lado de fora da casa dos Jionita. Seus estudos estavam sendo regidos por Meria Jionita, que era tão casca grossa quanto um inimigo mortal. Prisma aprendeu muito mais rápido, sim, mas o cansaço se acumulava da mesma maneira.

Estar do lado de fora foi uma ideia de Hana, e Meria não pôde negar. Prisma teria que ter seu momento de descanso prolongado. Observar Orion comendo e falando era como um banho de água fria jogado sobre as maquinarias quentes e avermelhadas.

Reconfortante.

- E então – o garfo do Cavalerio moveu-se, apontando para ela – Como estão os estudos? Já conseguiu dominar alguma das línguas cultas?

- Não. Senhora Meria vai me ensinar essas no próximo bimestre, estou tendo que aprender o básico de Subterrâneo e a língua dos Cegos. - E sua face desmoronou, em cansaço. - Ficar lendo tantos nomes e depois gravá-los é muito tedioso, e dá sono.

- E por que está gravando os nomes?

Sua pergunta soou como uma lâmina afiada, mas não deixou que nenhuma delas respondesse. Pegou um pedaço de papel para limpar a boca e riscou com o próprio garfo em cima, três letras e um numeral.

- Significa...

- Escreva – Prisma o interrompeu, mas abaixou a cabeça. - Desculpe.

- Está tudo bem. A língua e os idiomas são quase parecidos nessas duas, mas depois, você vai ver que existem outras que são totalmente diferentes uma das outras, a sonoridade e a linguística. Então, recomendo que treine apenas a escrita primeiro, e depois que se sentir confortável, mude para a língua.

- Meria diz que tenho que exercitar os dois.

- Ela também me falava isso – Hana completou, mas sua curiosidade pelo método de Orion a fascinou de certa forma, como todas as outras coisas no qual ele falava. - E por que acha que esse é o método mais fácil?

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora