Capítulo 136 - Lugar Estranho (I)

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Os ferimentos de Orio não o deixaram ir longe, caminhando. Depois de apenas algumas horas da luta contra Azrael acontecer, ele tropeçou em algumas pedras ao se afastar ainda mais do seu destino. Era Hemilyn, mas estava ali apenas por coincidência.

Nunca esperava ter que enfrentar alguém tão poderoso, e ainda assim, ter usado uma de suas magias de absorção para se proteger. O Elfo Negro deixou uma marca nele, uma que estava ardendo e não cicatrizava nem usando as chamas.

Sua pele escureceu onde a perfuração afundava, e suas veias se sobrepunham. Cansado, seus olhos pesavam, e não conseguiu contar quanto tempo se manteve naquele estado até cair. Ele bateu de peito no chão, ainda segurando o ferimento na lateral da barriga.

Quando acordou, não estava mais nos Campos Dourados, mas dentro de um quarto bem pequeno. Por alguns segundos, lembrou-se de seu quarto, em Caldeiras. A mobília era desgastadas e empoeiradas, nos cantos, palhas eram empilhadas e a janela era coberta por um grosso pano branco.

Ao se sentar, sua mão foi a barriga. O buraco estava selado, e então, percebeu que estava sem seu traje de batalha ou suas armas. Procurou ao redor, mas apenas ele era a única coisa limpa dentro do recinto.

Prestes a se levantar, ouviu a porta rangendo e se abrindo. Se manteve sentado até ver um pequeno Elfo, gordinho, usando roupas maltrapidas. Ele se assustou ao ver Orion sentado. Segurando uma pequena tigela de água com um pano nas mãos para não se queimar, se aproximou, rapidamente.

– Não, não. Deite. Agora. Se minha mãe vê-lo sentado, vai querer jogar a culpa em mim. Vamos, deite, senhor. Deite.

Orion obedeceu, mas continuou em silêncio. O rapaz era um Elfo, suas orelhas não mentiam, mas seu tom de pele era bem mais escuro do que vira nos Campos Dourados. O garoto pôs a tigela de água na cômoda ao lado da cama e afundou o pano que segurava dentro.

– O senhor ficou um dia inteiro desacordado – ele disse, tirando o pano do fundo e entregando para Orion. – Coloque na testa e deite. Se a febre voltar, não vou poder tratar de você.

– Você é o doutor?

O rapaz olhou de soslaio para Orion, estreitando entre surpresa pelo Humano ter conseguido falar perfeitamente a Língua Élfica.

– Sim. Agora, deite e fique ai. Minha mãe irá vê-lo quando puder.

O pano foi esticado na testa de Orion. Ele estava com os cabelos soltos e uma roupa bem grossa. Não sentia frio ou calor, mas o quarto inteiro estava fechado. Respirou fundo e fechou os olhos, voltando a dormir.

Acordando depois de um tempo, não foi algo natural. Uma mão repousava em seu peito e a outra em sua testa, sem o pano cobrindo. Orion espreguiçou, mas ao ver que o rapaz estava tentando se concentrar, esperou.

O rapaz abriu os olhos, com um leve suspiro, mas não ficou surpreso pelo Humano ter acordado. Se distanciou, pegando um pena e molhou em um pequeno reservatório de tinta, anotando algumas coisas em uma prancha com folhas.

– Sua saúde não está tão boa quanto esperei. Sem nutrientes suficientes no corpo, mas uma alta taxa de fermentação. Tem comido frutas por quanto tempo?

O rapaz o olhou quando não recebeu a resposta.

– Estou pedindo educadamente. Diga.

– Não sei. Um mês? Não lembro.

A pena tornou a desenhar no papel.

– Irá ser servido almoço para você. Qual o seu status de Cavaleiro?

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora