Capítulo 54 - Campeão?

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- Você deve ir se banhar – Hana caminhava ao lado de Prisma, cortando o jardim menor de sua casa. As gramas eram cortadas simetricamente alta, criando um estado de labirinto no recinto. Mas, aquela era sua casa, estava acostumada a andar por ali. - Está fedendo a cachorro, o que é bem engraçado.

Prisma soltou uma risada dando um tapinha na roupa. Um tufo de pelos negros caiu.

- Lupa solta muito mais pelo do que um cachorro normal.

- Queria o quê? Ela é quase cem vezes maior e mais gorda do que um cachorro normal. Agora, vá. Eu vou voltar para meu pai, tenho que conversar com ele sobre algumas coisas.

Prisma concordou, atravessou o portal de vidro e saiu caminhando para dentro, onde algumas empregadas a receberam.

Hana parou de caminhar, sua face escureceu e virou-se para o labirinto. Os arbustos cortados eram altos, largos, mas seu cheiro era completamente diferente. Ela ajeitou a roupa, o vestido justo com a calça por baixo, e caminhou, sem hesitar.

O cheiro dos arbustos era doce, como plantas Orkas, que derramavam seu pólen e aromatizavam o ar. Dessa vez, algo mais ácido pairava, como se ventilasse diretamente para ela. As empregadas claramente conseguiriam sentir a diferença por viverem tanto tempo assim, mas nenhuma delas disse nada.

Hana parou no meio, e o ar mudara de movimento, retrucando para a passagem atrás de si. Nessa ocasião, nenhum dos lados que tomasse era uma saída. Estava presa em dois becos sem saída. Ela se virou, dando de cara com um homem.

- Lupus... - disse, cruzando os braços, em um tom desgostante. - Pensei que ainda estivesse preso. Vejo que ainda consegue enganar até mesmo a Igreja.

- Minha querida futura esposa – com um gesto cortês, ele se inclinou perfeitamente, como um cavaleiro. - Estive fora por muito tempo, mas creio que agora nossos planos de nos casar ao pôr do sol poderão se realizar.

A estatura alta, os cabelos e olhos negros. Estava tudo no seu lugar, como o antigo Lupus Kennel, porém, sua voz, arrastada e completamente desgastada unida ao seu sorriso macabro revelavam um sentido obvio de sua presença.

- Não existe casamento, Lupus. Você me levou para uma floresta, me prendeu por mais de dias lá, deixou que seus amigos... - ela fechou o punho, deixando o silêncio ponderar. - Não temos mais nada, nem mesmo que você implore abaixo do chão, enterrado em mais de duas mil toneladas de terra e pedra.

- Ah, eu achava inevitável que você não gostasse mais de mim – e sorriu, não se deixando abalar. - Eu acredito claramente que meus amigos devem ter brincado muito com você, mexendo em sua pele, acariciando sua perna, como eu fazia. Um pouco de cada, era o que você mais gostava, não é?

Hana manteve a cabeça erguida por algum tempo, mas estava cedendo. Algo em Lupus estava a fazendo tremer, suas pernas poderiam começar a bambear a qualquer momento. Seus olhos, os olhos de alguém que não estava mais se importando com a vida.

- Eu a deixei sem palavras? - Ele deu um passo e Hana se afastou de um. Balançando os dedos de um lado para o outro, ele apontou para o chão. - Se você correr, eu vou matar sua família inteira.

- Duvido disso.

- Ah, certo – ele parou concluindo a afirmação. - Eu esqueci que agora você tem um novo cachorro. Qual o nome dele mesmo? Era Ora, Orer. É um nome idiota, algo parecido.

- Orion, e se ele te ver aqui, você vai morrer.

Ela se afastou mais um passo, e recuou o corpo. Estava atenta, um único movimento, e ativaria completamente a runa do Jardim. Seria levada a explodir o recinto inteiro, mas conseguiria o matar.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora