Capítulo 145 - Ao Vale Xama

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A performance da espada negra de Orion era como uma cobra, seus pontos colidiam contra uma grossa estrutura de pedra, rivalizando metal contra rocha, em um som estridente. Por mais que usasse força, nenhuma das estruturas rachava. A pedra suportava o peso dos ataques, o Íbrio Negro, assim chamado, convertia a tremedeira do impacto em mais dois golpes sequências.

E por mais que tentasse buscar uma forma de aprimorar ainda mais seus sentidos, limitava-se a ficar apenas na memória. O confronto contra Azrael o pegou desprevenido, revelando o quanto fora impotente.

Mesmo possuindo tantos pontos fortes, como a magia e a espada, empatara, saindo em plena desvantagem pelo dano sofrido.

Era humilhante para um Cavaleiro, no final de tudo, ter a vida poupada.

Quando ele girou em alta velocidade, sua espada adentrou alguns centímetros da rocha. O pátio ficou em silêncio após aquilo.

– Você está travado, não está? – A voz veio de trás. Orion encontrou a própria Rainha Ming o assistindo. – Tem um poder incrível que corre pelas veias, mas está perdido. Sei que existem muitas formas de lutas com espadas, mas nunca vi alguém usar tamanha variedade sem um sentido.

– Sentido, minha senhora?

Era dia. O pátio era aberto pelo teto, deixando que a luz do sol penetrasse através de uma fina camada de nuvem e névoa, no ar, chegando a clarear a belíssima Rainha Xama sentada em um banco de pedra.

Usava um de seus vestidos longos e grossos, protegendo-se do frio com tanta vontade que nem mesmo uma espada congelada poderia afetá-la. E uma coroa nova, fina que envolvia sua testa, brilhava ao toque da nova luz.

O que mais encantava naquela Elfa era a marca avermelhada que não desaparecia ou diluia em sua face, mas Orion não perguntaria.

– Não seja bobo, meu caro. O que está fazendo é uma clara evidência que está tão perdido que não bota força em seus braços. Eu já vi copiadores, Orion, muito habilidosos. Copiavam movimentos tão rapidamente que os reproduziam sem uma única falha, e sabe o que aconteceram com todos eles?

– Não.

– Foram superados – a resposta foi dura, mas suavizou com o tom gentil de sua voz. – Eles caíram, como qualquer outro, convictos de que não poderiam ser derrotados. Eu entendo o sentimento, também achava ser invencível até um dos meus maiores inimigos me colocar contra o chão.

– Creio que ele deve ter sido alguém de muita importância para conseguir acertá-la. – A espada foi guardada na bainha, e Orion se sentou no chão, onde estava. – Você o perseguiu?

– Não precisei. Ele fugiu de mim muito tempo depois, acho que talvez estivesse um pouco amedrontado porque meu poder chegou a um limite maior do que esperava, ou que minha influência fosse maior do que a dela. Nunca saberei.

Mesmo tão sábia, carregava uma face jovial, como uma adolescente prestes a se tornar uma verdadeira mulher. Se seu título não fosse tão claro, tomaria partido por conversar de maneira informal, como amigos próximos.

Apenas negócios. Nada de ficar, era o que Orion dizia a si ao vê-la. Pegaria o colar ou faria algo para pegá-lo, custe o que custasse. Valeria como forma de reatar as amarras criadas por seu irmão.

– Antes que eu me esqueça – ela disse, apontando para a espada no coldre. – Sua espada deve ser uma extensão do seu corpo, mas deve ser usada com total eficiência. Quantos estilos de luta você aprendeu sozinho?

– Seis deles. Haikin, Lupa, Meyditon, Peco, Garoa e Axiwe.

– Os Seis Estilos Comuns de Luta – ela sorriu, inusitadamente. – Por mais que conheça tanto, ainda continua sendo bastante limitado. Diga-me, qual ornamento usa para batalhar?

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora