Capítulo 142 - Venenos

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Capítulo 142: Venenos

Um imenso bloco de pedra vermelha imprensava Leonardo de ambos os lados de seu corpo. A pressão esmagadora quase diluíam sua carne, mas sua força se mantendo consciente era o que o mantinha cada vez mais perto da vitória.

Seu coração palpitava prestes a explodir. Seus dentes cerravam entre si quando gotas de suor escorriam pela sua face dolorida. Suas orelhas eram protegidas contra os gritos ecoados pelos outros ao seu redor.

O programa para se tornar um Necromante era diferente de tudo o que ele passava. Quanto mais buscava um pensamento racional do porquê estar fazendo tanto, seus olhos focavam ainda mais no presente.

Eles não o deixariam buscar suas motivações no passado. Uma barreira o mantinha ali, na dor e na angustia, o quanto conseguisse aguentar. Estava a beira de um colapso, prestes a desmoronar, mas os gritos já não mais ecoavam.

O tempo passava como água em corredeira, em movimento constante, mas ele não contava quanto escorria. Seus braços eram amassados pelos blocos que eram manchados por suor e sangue, seu sangue.

Quando puxou o máximo de ar que conseguiu, seu peito estufou e ele caiu, perdendo o que restava de sua racionalidade.

Os blocos de pedras sumiram com um estalar de dedos. Leo desabou no chão.

Os Mestres Necromantes de cada aluno já estavam próximos de seus discipulos quando Bushep se aproximou lentamente de Leonardo. O pútrido Elfo se abaixou e ergueu sua mão, a energia esverdeada fluiu para fora, absorvida por todo o corpo do homem.

– Acorde – disse-lhe, e os olhos de Leonardo se abriram com um estrondo. – Seu treinamento ainda está longe do fim, meu rapaz.

Por horas incontáveis, o mesmo tipo de tortura. O esmagamento por conta dos blocos, a força gravitacional descomunal aplicada contra suas cabeças e ombros, até mesmo respiração forçada abaixo de uma lagoa.

As câmaras usadas eram todas diferentes; largas e pequenas, altas e baixas. Cada um com seu propósito. Leonardo suportava por dias, aos poucos, se tornou uma semana. Um dos dias, dormindo em sua cama, o único lugar que se não esperava ser morto, acordou assustado.

O Discípulo do Quarto Mestre Necromante andava sozinho, durante a noite, falando asneiras, era comum por todos os alunos. Dessa vez, o rapaz se levantou expelindo uma magia de combate, explodindo a parede ao seu lado e jogando não só ele, mas todos os que estavam ao seu redor para a porta.

Leonardo era um deles. Momentos antes da bomba explodir, ouviu o rapaz conjurar algo, seus lábios moveram e sua mão expeliu uma Magia de Fogo. O Vieszk foi suficiente para jogá-lo contra a porta.

– Está tudo bem? - Twini o ajudou a levantá-lo. Estava sujo de poeira e fuligem, mas era o máximo que conseguiu do ataque repentino.

– Aquele imprestável conjurou uma magia – ouviu os outros dizerem, irritados, e com razão. – Se ficarmos no mesmo lugar que esse cara, vamos todos morrer, uma hora ou outra.

Os Necromantes Veteranos, os que ainda não eram Mestres, entraram no quarto procurando quem estava fazendo barulho tão tarde da noite. O rapaz, entretanto, dormia de pé. Ele não respondia, vagando sua cabeça de um lado para o outro e seus lábios se mexiam, ditando palavras sem sentido algum.

Um dos Veteranos tocou sua pele e depois balançou a cabeça negativamente para seu companheiro.

– Frio – ele disse, como se fosse óbvio. – Temos que levá-lo para Reus. Mestre saberá o que fazer.

– Mande alguém pegá-lo, então – o outro respondeu, mais carrancudo. – O restante de vocês, voltem a dormir.

Os discípulos passaram mais tempo arrumando suas camas do que dormindo, realmente. A pressão causada na parede não a destruiu, mas carregou tudo ao seu redor. Os que dormiam mais perto do rapaz sonambulo tiveram sua cabeceira e o estrado quebrados, tendo que dormir direto com o colchão velho no chão.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora