Capítulo 138 - Morada dos Feiticeiros

35 3 0
                                    

Uma das boas habilidades de Leo eram seus sentidos afiados. Por anos, dormir em lugares nada seguros o fizeram ser mais precavidos, mesmo seu sono era tão leve que acordaria mesmo com um graveto se quebrando.

Incontáveis vezes fugiu do perigo ao ser acordado por um som baixo, que outros não acordariam. E por conta dessa habilidade, sua viagem dois dias seguidos para o Norte não foram suficientes para o desmaiar completamente.

Seus ferimentos foram tratados, mas ele teve ciência de quem estava o tocando. Ainda assim, mesmo caído, seus olhos se abriam de tempos em tempos. O Elfo que o tratava nunca deixava as faixas ou a pomada para mais tarde, cicatrizando qualquer coisa que não fosse natural de seu corpo.

Porém, nos últimos dois dias, a única coisa que se lembrara antes de dormir completamente foi do Elfo comentar com o colcheiro que os levava. Mesmo forçando sua memória, não se lembrava de nada, mas quando acordou, estava diante um enorme santuário.

O trono era elevado por conta dos degraus para chegar até ele. Seus dois braços eram retorcidos para os lados, afiados e pontudos, como lâminas. Era completamente selado ao solo e crânios ficavam onde as costas recostavam.

Leo se levantou, usando roupas negras, um manto estranhamente familiar, mas que cabia perfeitamente em si. Nunca usara roupas largas, mas era melhor do que as roupas esfarrapadas que usara antes.

Se aproximou do trono. Palavras brancas, em uma língua antiga, estavam descritas acima dos crânios negros.

– "Aquele que estiver na Morada do Feiticeiro estará sendo forçado a caminhar no código moral dos que Viveram antes" – Leo o recitou, olhando ao redor. A câmara era gigante, suas paredes eram altas e recheadas de suportes pontiagudos para as tochas apagadas. O chão era frio, liso, capaz de Leo conseguir se enxergar ao encará-lo.

A escuridão era mais instigante do que amedrontadora. Leo se sentia em casa, calmo e em paz, tão tranquilizado por estar em um lugar que se encontrava que se sentou no primeiro degrau. Mesmo sem saber onde estava, não estava preocupado.

E no meio de todo o silêncio, passos atrás do Trono o alertou. Se levantou, já virado e encarou um homem de pele cinzenta caminhar para o lado do símbolo de poder tirano. Carregava uma manta negra idêntica a dele, mas sua aura era esmagadora e fria.

O homem retirou o capuz de cima da cabeça, revelando seu rosto pútrido. Buracos irregulares em suas bochechas eram largos o suficiente para que sua garganta fosse vista e seus dentes podres eram mais nojentos do que ratos mortos na mesa de jantar.

Leo se segurou quando seu estômago embrulhou por completo. Abaixando a cabeça para não vomitar, ouviu um riso vindo do homem.

– Eu achava que sua postura não seria semelhante aos dos outros ao me ver, Leonardo Takhan – até mesmo seu modo de falar era arrastado e sem vida. A certeza de que o homem não estava vivo era mais evidente a cada segundo que passava. – Por algumas vezes, eu busquei um jovem cujo potencial não me despedaçasse por completo, quando soube de sua presença nos Campos Dourados, pedi que trouxessem até mim.

– Onde estou? - O medo já adentrava a mente do Elfo. Por mais que estivesse convicto de que poderia lutar, seu corpo não queria enfrentar o velho em decomposição. Era como encarar um morto vivo, mas com um poder que o assustava. – Que lugar é esse?

– Está na Morada dos Feiticeiros. O lugar onde todos os que querem aprender sobre a vida e a morte vem. O berço da criação e também da destruição. Onde a Mana e Magia se tornam uma consigo e os Arcanimos são apenas um único setor.

As mãos do homem adentraram suas mangas, sumindo na escuridão.

– Aquele que um dia estiver na Morada dos Feiticeiros, terá que se submeter a um código. Por estar aqui, por estar vivo e por conseguir ter uma recomendação, eu fui selecionado pelo Feiticeiro Xingu a guiar seus pequenos passos.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora