Passos Arcanos: Caminho da Honra

Capítulo 154 - Estratégia para o Futuro

Leonardo acordou depois de muito tempo após a luta. Seus ferimentos mais graves como o golpe que recebeu de Orion e as areias de Azrael foram remendados com faixas e gases, o cheiro da pomada se espalhava pelo quarto que ele estava.

Estava sozinho, como sempre. Manteve-se sentado por um tempo, suas roupas estavam dobradas, limpas, em cima de uma cadeira. Ele a pôs, ajeitando o anel no dedo e um cordão no pescoço, sua pedra central brilhava como sempre.

Andou até a porta e a abriu, saindo. Deu de cara com a mulher que protegeu, por consequência, de seus objetivos. A Rainha Xama estava usando seu ilustre vestido amarelado, como um relâmpago, nas fábulas antigas dos Heróis.

A cabeça de Leonardo doía mais do que suficiente para pensar sobre o passado. Estava ferido dos pés a cabeça, e mesmo que seu peito ficasse exposto por não usar uma vestimenta fechada, não sentia frio. A única coisa que o incomodava eram os olhares de soslaio virados contra ele.

Assim era a vida. O medo apresentado nos corações dos fracos. Sua aparência e aura sempre o fariam ser motivo de medo. Estava acostumado com as mais variadas situações onde era julgado por ser quem era, pela tatuagem da cobra, pelos seus poderes, pelas suas habilidades.

– A magia é forte naqueles que se portam de maneira forte. Não fraqueje, Leonardo. Use tudo e todos para sair vitorioso, isso é um vencedor nato. – O homem que um dia o criou, morto após anos, dizia sempre que tinha chance durante seus treinamentos.

Uma batalha era ganha na voz, no ato, na espada, na magia, na força, velocidade e... criatividade. Leonardo encarava ao redor, mas o Humano não estava presente, apenas Elfos. A Rainha Xama chamou sua atenção ao se virar.

– Finalmente, você acordou – disse com um sorriso gentil no rosto. Era raro ver alguém com tamanha gentileza com alguém que invadia sua casa. Leonardo não entendia muito bem a mente dos outros, não quando eram 'gentis'. – Espero que esteja com fome, eu pedi que levassem a comida de Orion para o centro de treinamento. Ele está lá agora, posso mandar alguém guiá-lo até lá?

– Orion? – a palavra soou estranho na boca dele. – O que é isso?

– O Humano, Orion Baker – a Rainha continuava sorrindo. Com mando, um dos guardas se uniu ao lado do careca. – Meu assistente irá levá-lo até Orion. Eu mandei preparar um banquete.

– Obrigado? – por algum motivo, as palavras agarravam com dificuldade. Seria por que não era tratado desse jeito ou por que ninguém o conhecia? Ele roubara o Feiticeiro Xingu, roubava e matava quem entrava em seu caminho, e mesmo assim, tratavam de maneira tão cordial?

O guarda o levou por sala, corredores e ultrapassando portas. Os que passavam por Leonardo nunca ficaram tão alarmados, comentando baixo e questionando, mas muitos deles acenavam, como se ele fosse alguém de suma importância.

O que estava acontecendo?

– Aqui – o guarda mostrou o caminho esticando o braço. – Ele está logo ali.

E estava. Orion sentava-se sozinho, com diversos pratos jogados sobre uma bancada de pedra lisa, com os mais diversos tipos de comidas possíveis. Uma mão raspava um dos pratos e a outra segurava um livro grosso, tão velho quanto os Elfos que viviam ali.

Lia, comentando com a boca cheia de comida. Assentia consigo mesmo, mas mesmo assim, rabiscava o ar com o gargo, desenhando o que seriam símbolos estranhos escritos.

– Mestre Orion – o guarda anunciou. – Mestre Leonardo está aqui.

O Humano se virou, alerta, mas suavizou ao ver o rosto amigo. Orion era uma personificação exata do padrão estabelecido por Leonardo. Era alto, cabelos enegrecidos, olhos brilhantes e uma pele clara. O estranho era sua falta de Mana, o que não rivalizava em nada do que mostrou em luta.