Capítulo 104 - O Complexo Gera Simplicidade

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Ovette conseguiu achar Orion, na manha seguinte, conversando com Gârno, em sua oficina.

– No Arcanismo Comum, os números formam os símbolos. Digamos, quando queremos produzir uma magia, temos que ter a numeração exata de quanta energia, força, poder, Mana e energia para serem liberadas.

Ela entrou, se sentando em uma cadeira de costas, e repousando os braços sobre o suporte. Os dois estavam com alguns livros sobre a mesa, casualmente apontando.

– E qual a diferença de força, poder e energia? Parece ser a mesma coisa pra mim.

– São parecidas. A energia que você coloca é a corporal. Se o seu corpo não for forte o suficiente para suportar uma magia, então você pode desmaiar assim que mandar.

– Idiota seria a pessoa que pensasse assim.

Orion riu, assentindo. Já ocorrera várias vezes quando ele não conseguia usar Anulação, do Sol Negro.

– Continue – o dedo de Gârno apontou para o livro.

– Poder é o quanto você consegue disponibilizar de si. Quando deixamos a Mana sair, ela vira a magia, mas depende de quanto poder seu você coloca na Mana. Muitos livros dizem que um Mago de Primeiro Núcleo pode ganhar de um Mago de Terceiro se estiver fora de si. Ele extrapola o limite de poder que deu a si mesmo.

– Um limitador, então? Nunca vi nada parecido. É uma base teórica?

– Sim.

Desde que conhecera Gârno, Orion nunca o viu perguntar ou fazer comentários tão ardilosos. Sua personalidade sarcástica sumia completamente quando estava focado no aprendizado. Era um exemplo perfeito de ocultação de identidade.

– E como conseguimos passar essa parte para a prática?

– Não podemos. O limitador existe para não passarmos. Se alguém passa, ela morre, o corpo não aguenta. Por isso, temos a energia em primeiro.

– Ela impede a pessoa de ser imprudente. Entendi.

O dedo de Orion correu para o próximo símbolo.

– Força é a base de cada homem ou mulher. Ao colocar força, está dando vida ao que está criando. A história a criação de magias sempre foi muito complexa, não temos maneiras de dizer que podemos criar uma a qualquer momento.

– E por que não? - Ovette perguntou, fazendo ambos levantarem a cabeça.

– Não vi que tinha entrado. - Gârno sorriu para ela. – Estamos estudando.

– Estou vendo. – sua face mirou o livro com um movimento leve – Por que não podemos criar a qualquer momento?

– Não que não podemos, é só que a complicação é muito alta. O Arcanismo Comum foi feito baseado em numerações, por esse fato, toda a magia que conhecemos foi feita com números, orquestrando que cada utilização deveria ter uma base, e que essa base não poderia ser quebrada.

Com uma palma, a face de Gârno se iluminou.

– Então é por isso que tanta gente odeia o Arcanismo Comum. Eles são o próprio limitador.

Sua risada foi alta, mas sozinha. Orion teve de concordar. Nunca conseguiu pensar em nada que conseguisse quebrar esse limitador do Arcanismo, e mesmo que seus estudos fossem aprofundados em como modificar um símbolo ou runa, ainda estava longe de conseguir desvendar todos os segredos.

Sempre que chegava ao limite de um estudo, uma grande porta de ferro barrava seu caminho, e a chave que tanto procurou não estava em lugar nenhum. Para unir o sistema de uma Escola com a outra, ele precisava juntar mais do que apenas a base.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora