Capítulo 115 - Entre o Magma e o Gelo

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A lâmina negra de Orion estava encharcada de sangue. Criaturas mortas durante os seus últimos dois dias somavam as dezenas. E no seu último encontro com as criaturas negras, Orion já estava tão desgastado quanto as dezenas de rochas ao redor pela chuva.

Ele brandiu a espada novamente e o tigre negro, maior do que enfrentara na pequena vila, correu em sua direção. As garras do animal foram aparadas com sua lâmina, o Cavaleiro não se mexeu, mas estava medindo forças com uma criatura forte.

Quanto mais força eles mediam, mais seu pé rachava o solo rochoso. Se olharam enquanto estavam tentando avançar contra o outro. O tigre rugiu com fúria, mas o urro do Humano foi alto e escandaloso, rivalizando.

Era hora de mudar a postura. As criaturas já estavam acostumadas a sua posição defensiva, até mesmo seus movimentos pareciam já ser decorados pelas novas criaturas que chegavam, os momentos cruciais, onde Orion conseguiria matá-las estavam sendo evitados.

Bestas inteligentes.

Orion deixou o peso do tigre cair sobre o seu e se arrastou para o lado. O animal bateu as duas patas dianteiras no chão e antes de virar o rosto para abocanhar seu jantar, a lâmina subiu na diagonal. As duas patas e a cabeça tombaram.

O Cavaleiro caiu sentado, respirando o mais fundo que seu pulmão aguentou. Estava arrasado, e os ferimentos e cortes que estavam envolvendo suas pernas e corpo eram aos montes. A mentalidade das bestas evoluía pelo combate, e isso o deixava meio atormentado, quanto mais demorasse dentro do Vale, mais ficaria exposto a novos ataques.

Usando a espada como bengala, se levantou tardando a caminhar, novamente. O céu nublado ainda não lhe dizia nada sobre qual horário era, então, tardou a decidir entre dia e noite.

Deveria chegar ao Rio de Lava o quanto antes. Aos poucos, em um curva acentuada, o Vale começou a subir, tendo apenas um caminho a seguir, Orion continuou o trajeto.

*

Carla entrou confiante na sala de Antrax, não deixando a ideia de que deveria seguir um caminho diferente do que os outros, estava convicta de que poderia ser maior e melhor de outros modos. Não deveria seguir um caminho já trajado.

Ela parou atrás de Antrax que mexia em tubos de ensaio, estava tentando produzir alguns experimentos.

– Quero pedir algo, senhor.

– Diga, minha cara. Você não voltou ontem, pensei que estivesse cansada demais, se quiser uns dias de folga, pode tirar.

Antrax ainda permaneceu brando. Ele escutou tudo dois dias antes, na taberna. Era claro do pedido de Carla, e não era cansaço.

– Os Anões construíram um sistema utilizando missões. Estão pagando para que realizemos missões de pessoas de todos os tipos. Eu posso aprender mais com eles, a interação social, o povo, as raças. Será a forma mais fácil de aprender da teoria.

– E quanto seus ensinamentos com o Arcanismo? - ele levantou o tubo, balançando de um lado para o outro. O líquido avermelhado ganhou novas pedras no fundo, e ele jogou as rochas dentro de outro tubo, as levitando.

– O senhor pode me dar com o Quadro Arcano. Farei todos os exercícios na viagem, e voltarei para aprender mais. Mestre, sei que não sou como os outros que ensinou, mas não quero viver presa dentro de uma sala de aula, quero conhecer o mundo.

– Todos temos esse desejo quando somos mais novos. Não é algo egoísta, sendo bem sincero. O mundo inteiro não precisa de heróis, eles precisam de pessoas que se importam com os outros. E acho que se você for, poderá encontrar o que significa ser um Mago.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora