Capítulo 105 - O Aço e o Mato

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– Está lendo isso faz mais de 3 dias, não se cansa?

O livro foi abaixado, e Orion surgiu com seus olhos meio avermelhados. Estava na metade do livro, olhando para Ovette que entrou na casa e se sentou ao seu lado.

– Não.

– Parece cansado. Não dormiu de noite?

– Não consegui.

Ela estava muito próxima, Orion afastou-se um pouco. Algo o perturbava, e mesmo que Ovette fosse linda, ainda estava com um pé atrás. Ele não era um Exilado e nem mesmo poderia ficar ali por muito tempo.

Tendo que ir embora, por que ela sempre se aproximava tanto?

– Então, você não deve ler isso.

Ela pegou o livro e colocou na mesa, apontando para o quarto.

– Vai dormir logo.

– Sim, senhora.

Se arrastando, Orion entrou no quarto e fechou a porta.

***

– A Anciã mandou agradecer pelo que fez com as barreiras de proteção ao redor do vilarejo. Ninguém gostava muito de você, mas agora eles estão mudando, aos poucos.

A mesa estava com um pano por cima e repleta de comida. Os três comiam lentamente a luz de pequenas esferas brilhantes.

– O que tem feito esses dias todos com o livro? - Gârno olhou para o Humano comendo. – Parece não estar treinando. Tem que treinar mais, a prática leva a perfeição.

Gârno se mostrava cada vez mais bruto em relações a sua personalidade. Por baixo da camada de sarcasmo e ironia, o semblante sábio zunia com ferocidade. Era como estar conversando com uma outra pessoa, e isso assustava Orion sempre.

Não estava acostumado a ver uma diferença tão grande de máscaras.

Eu deveria adotar uma desse porte? Se perguntou Orion. Seria uma boa maneira de deixar que as pessoas não conhecessem minha verdadeira força.

– Sou acostumado a ler mais do que praticar. Na maioria das vezes, não gosto de lutar. - Ele abaixou a cabeça, esperando. Se Ovette e Gârno engolissem estando tanto tempo com ele, então qualquer um engoliria.

– Vamos, eu o vi em ação. Parece ter uma boa recepção com a espada, mas a magia, não sei como você reage a ela. Qual o seu talento?

– Baixo. Como eu estudei muito tempo, não pratiquei nada. Digo, aprendi a minha primeira magia quando estava com apenas 18 anos. Eu não sabia nada além do Arcanismo, mas praticar e ler são totalmente diferente.

– Com certeza, eles são – o garfo encaixou na carne e ele abocanhou. – Mas, eu conheço muitos que foram além do comum começando bem tarde. Os filhos da Anciã, por exemplo, são um bom exemplo disso.

– Eles são fortes – Ovette concordou, comendo baixo. Do dia anterior até aquele momento, ela desviava o olhar de ambos, não parecendo querer encará-los, por algum motivo. – Tem gente que acredita que eles vão ser testados daqui a algum tempo.

– Será um bom dia para não descer. Eles sempre ficam tão entusiasmado com os treinos, eu deveria ficar em casa. Você também, durante a Seleção para o Ancião e Guardião, você tem que ficar meio longe. Sempre acontece algumas coisas bem estranhas como explosões, magias sendo atiradas.

– Entendido. Ficarei aqui, lendo.

– E você, Ovette?

Ela não respondeu, ainda olhando vagamente para a carne. Com um peteleco no braço, a mulher ergueu a cabeça, vendo ambos esperando sua resposta.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora