Capítulo 60 - O Poder da Idade

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- Acorde, temos que ir.

Foi a primeira e única coisa que Antrax dissera a Orion durante todo o dia. Continuava a ler sobre os tópicos do livro, mexendo os lábios em algumas horas, mas não remetendo nada que não fosse necessário.

Durante o dia, Orion caçava pequenas criaturas para o almoço, e conseguindo recuperar todas as coisas do dia anterior, não teriam que passar tanto aperto. O Gomaq só atacava criaturas vivas, então, deixou todo o resto intacto.

E por conta disso, fizeram a fogueira para o almoço, e continuaram a atravessar a padraria com grandes morros. A trajetória não era complicada, mas Antrax sempre olhava para longe, uma vez ou outra, mudando para uma nova direção e seguindo adiante.

Era como se o caminho estivesse marcado para ele, e o vento soprasse para si as direções corretas.

No final do dia, pararam ao lado de grande pedras cinzentas, pontudas e irregulares. Orion fez a mesma coisa de sempre, procurou gravetos e retornou diretamente para o acampamento montado, mesmo que fosse uma cabana e uma fogueira para não ficarem no escuro.

Ainda estava bem firme na sua própria convicção de que Vieszk o chamara, mas depois do dia anterior, nenhum som ou a própria imagem da mulher em chamas apareceram com tanta clareza quanto naquela hora.

Sua mente estava pregando uma peça? Criando uma concepção de realidade onde ele só via o que realmente queria?

O Fogo não era apenas um elemento qualquer, era chamado de mais destrutivo, o mais brutal e ameaçador. Então, por que sentiu acolhimento em um momento onde apenas as chamas balançavam?

- Orion...

Ele ergueu a face, rapidamente, mas ao se virar, viu Antrax o chamando para mais perto, para a fogueira. Se dirigiu até lá e sentou do outro lado dos gravetos ainda apagados.

- Tente acendê-la.

- Não quero. - Sua resposta foi seca, mas logo balançou a cabeça. - Não quis ser grosseiro. Eu vi algo ontem. Quero ter certeza do que posso fazer quando tiver entendido melhor.

- Está rejeitando usar magia? - Ele sorriu. - Entendo. Então – arrastando o dedo por cima de um dos palitos de madeira, se incendiou – eu fico no primeiro turno da noite.

Orion não se importou. Deitando depois de um dia inteiro de caminhado, mas agradeceu do que lutou para continuar pesquisando suas próprias respostas. No fim, desabou antes mesmo de conseguir formular sua primeira pergunta.

Ao entrar no mundo Desértico, não poupou velocidade. Se atirou correndo, seguindo a águia, estava rapidamente planando, como se estivesse ciente de estar sendo seguida. Sobrevoar o grande deserto e correr eram quase a mesma coisa, dependia apenas da velocidade de seus usuários.

Orion gargalhou ao saltar por cima de uma das dunas, e conseguiu atingir mais de 20 metros no salto, coisa que não conseguia fazer fora dali. Ao chegar bem perto da águia, acenou com a mão.

- Voltei.

Ele caiu, girando em cambalhotas, e caindo de pé. Bateu uma mão na outra e a areia rotacionou ao redor dele, como um tufão. Desde o dia que estava meio perdido, que quase matou a águia, ele conseguiu simplesmente começar a usar a areia ao seu redor, a fazendo mexer de um lado para o outro.

Era como simplesmente comandá-la. Com um único pisão, toda ela se expandiu em fragmentos ainda menores, parando no ar, estagnadas. Orion olhava com admiração para todas elas, mesmo que fosse um sonho, aquilo estava muito além de sua compreensão, mas adorava.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora