Capítulo 68 - A Ilusão de um Golpe

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- Você falhou.

As palavras de Antrax para Orion eram como uma lâmina afiada enfincando dentro de seu peito. Não compartilhou sequer um único traço de compaixão. Sério, com os braços cruzados, a barba branca longa e o capuz sobre sua cabeça. Ele nem mesmo parecia o mesmo velho que Orion conhecera em Mermet.

Os três estavam no laboratório. Orion sentava na cadeira com a cabeça baixa, apenas ouvindo os traços desapontado de um mentor. Ao lado do velho e um pouco mais afastado, Lay Hean, com certa pena de que Orion estava sendo vítima de um traço pessoal de Antrax.

Mesmo que fosse apenas duas palavras, eram o suficiente para abalar uma mente qualquer. Vinda de Antrax, então, Lay não confiava de que Orion, um rapaz tão habilidoso e inteligente, conseguisse superar.

- Eu dei o mesmo tempo para Lay, e ele conseguiu entender perfeitamente o ligamento de três pontas soltas, o ligar diretamente, criando sua própria memorização do Fogo. Kile deixou claro que os três poderiam ser ligados, e até mesmo deixamos disponibilizar o conhecimento um do outro para conseguissem compreender. Falhou, mesmo assim.

- Precisa repetir isso toda hora? - Orion levantou a cabeça, ainda cansado. - Sei que falhei. Está desapontado? Já fiz isso várias e várias vezes. Ouvi pessoas falando como sou estúpido. Quer continuar? Pode continuar.

- Não o acho estúpido, se fosse dessa forma, eu não teria você como aprendiz. Estou dizendo que sua forma de entender o mecanismo do Fogo está errado. O caminho de um Mago sempre vai ser dificultoso.

- Está mais para chato – voltou a abaixar a cabeça. - Tentei seu jeito convencional, e dá errado. Eu não possuo Núcleo Mágico, não consigo segurar a mana no corpo. Forcei meu corpo ao ponto de não conseguir mais segurar uma colher. No quarto dia, eu mal conseguia sair da cama.

- São os resultados.

- Resultados com o final anulado.

Orion se levantou, olhando para Antrax.

- Estamos no começo do dia, eu vou sair um pouco. Quando voltar, continuamos com isso.

Esperando Orion chegar na metade do caminho para sair do laboratório, Antrax elevou a voz.

- O que é mais importante do que entender a si mesmo, Orion?

Sem uma resposta, os dois viram o Cavaleiro sair e fechar a porta, deixando ambos em silêncio.

***

A parede atrás do Vilarejo era carregado de raízes grossas e longas, deslizando pela parede até a base. Pelo que parecia, poucos exploravam tal lugar, Orion estava no meio de um contorno, subindo vagarosamente, escalando e segurando pelas raízes, chegando até o topo.

Se sentou na borda, olhando para o vilarejo, dos dormitórios até a muralha entre as duas colinas. Os limites era protegidos pela própria vegetação, quase uma fortificação natural. Ainda assim, Orion suspirou pela beleza.

Um lugar moldado pelos homens era sempre corrompido, e mesmo assim, ali, certa paz era encontrada. Fascinado pelo fato de que o sol sempre estava batendo no vilarejo desde seu aparecimento pela manhã, percorreu observando com cautela cada ponto do vilarejo que brilhava por possuir um vidro.

- Parece ser um lugar comum visto de cima, não é? - Orion não reconheceu a voz, ao se virar rapidamente, uma lâmina já estava apontada para seu pescoço. O homem do outro lado da espada levou a mão ao lábio, exigindo silêncio. - Não quero alertar as pessoas daqui. Vamos conversar como pessoas normais.

As roupas dele eram cinzentas, com dois brasões no pulso direito. Era um traje de batalha, pesado, mas que transpirava a confiança de um soldado. Orion quase surtou ao lembrar que estava sem nenhuma de suas armas presentes.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora