Passos Arcanos: Caminho da Honra

Capítulo 35 - Fios de Cobre

- Repita novamente, Orion. - A primeira vez foi suficiente para que Vladmir se recompusesse, tornando a ficar ereto, encarando o Cavaleiro. - Não existe nada para ir atrás, a Igreja concluiu um golpe e não temos forças necessárias para vingar os homens que perdemos.

- Eu quero ir atrás da honra que minha família perdeu e para isso, senhor, eu não me importo de entrar em um lugar grande ou com uma multidão. - Sem um pingo de hesitação, no meio de Cavaleiros e Magos, ele encarava fixamente seu superior. - O que fizeram com minha família, eu vou levar em dobro.

Outro se projetou, a esquerda, em um múrmurio, riu e depois elevou a voz:

- E como quer fazer isso? Seus parentes mesmo disseram que dentre todas as pessoas, você é o único que não possuí um núcleo mágico.

O comentário foi inovador, essa não era uma informação que muitos falavam, sequer mencionavam. Era humilhante, tanto para os Baker quanto para Orion.

- Senhor – o Cavaleiro se projetou de forma desordeira, caminhando com certo charme, se divertindo do gesto -, esse rapaz não sabe como é a guerra. Ele pretende sair por ai, caçando quem quer se seja apenas para vingar uma parte do que foi tirado.

Orion passou seus olhos para o Cavaleiro.

- Se eu não fizer, você vai? - E os homens se calaram, até mesmo Rosana, no fundo, fora da visão de Orion, não o interrompeu. - Guerra é guerra. Li mais da guerra do que você leu em vida. Treinei mais em casa do que você lutou batalhas. Sou tão Cavaleiro quanto você.

Antes de poder avançar na garganta do rapaz, Vladmir parou o Cavaleiro com o braço.

- Prove para mim que você não está com raiva e quer vingar somente sua família. Prove que tudo tem um motivo e você não está buscando apenas uma maneira de fugir para longe.

- Conheço mais de 10 artes marciais, senhor. Li mais de 100 livros de rastreamento em biomas diferentes. Estudo Arcanismo desde meus 4 anos de idade. Sou um esgrimista desde meus oito anos, forçado a me defender por não possuir um núcleo mágico, mesmo assim, posso narrar completamente todas as magias das Escolas Elementares, das mais básicas até as mais avançadas, sem errar. Consigo dizer claramente a base hierárquica dos Anões, Elfos, da Igreja e da Ordem. Sei mais de 20 maneiras de dizer que um homem está mentindo.

- E como sabe disso tudo? - Impressionado, não só Vladmir, mas os outros também, questionou. - Sua mente deve ser trabalhada de maneira diferente para se lembrar tanto.

- Eu tenho memória fotográfica, sei e reconheço tudo ao meu redor, ao mesmo tempo que posso dizer claramente que dentro dessa sala existe cerca de 57 livros nas prateleiras, dois deles estão na sua mesa, quatro deles está nas mãos do homem a direita – e balançou a cabeça para lá. - O restante está empilhado, além de que 32 deles possuem o mesmo número de páginas. Eu os li.

- E a Igreja, você pode saber muito, mas como sabemos que não irá usar em beneficio próprio e nos ajudará quando precisarmos? - O Comandante continuava sério, sem ao menos hesitar em perguntar claramente. - Como podemos confiar em você?

Essa era uma pergunta na qual Orion não poderia responder. Ele olhou para baixo, ainda questionando o fato de alguém se levantaria contra ele, questionando sua ideologia. Era claro, ele estava fazendo o máximo para ir atrás de perguntas.

Perguntas que Carla as deu.

- Ele não irá – uma voz rouca, forte e grossa saiu do canto da sala.

Wallace estava sentado em um cadeira, apoiando seus braços nas pernas e olhando para baixo.

- Orion lutou contra o desgraçado do Mago, mas não fez isso por ele. Estava lá para salvar, ele tinha as respostas, ele sabia que o velho era um inimigo.