Capítulo 52 - Aposta de Impressionamento

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- Por onde quer começar, Mestre Orion? - Antrax reforçou o Mestre, em um tom mais zombateiro. - Esse título ainda é tão desconsertante de ser falado, nem parece que recebia alguns anos atrás.

- Você recebeu?

Ainda comendo, os dois ficaram em silêncio por algum segundo, e então ergueram o rosto, salivando um pouco.

- Sim. Era exatamente por isso que eu vim, na verdade, estive fora por muito tempo, explorando algumas coisas fora do continente. Eu viajei de Juntorrill para cá, mas vim de um lugar ainda mais distante.

- Mordok? - Orion segurou uma das babatas e comeu. - Li que para aquelas áreas existem criaturas que reagem de uma forma diferente a Mana, é verdade?

- Foi um dos motivos de eu ter ido, mas respondendo sua pergunta, sim. Eles são diferentes, bem mais diferentes do que eu achava.

- O quão ruim estava por lá?

Com a conversa casual, Mauro que estava observando desgrudou-se do balcão, tendo que atender mais alguns clientes. O velho era bem mais esquisito do que aparentava, mas depois de algum tempo, se tornou como qualquer outro, rindo e gesticulando.

A cerveja foi levada até sua mesa, e depois outra, o velho bebia com ferocidade, mas nenhum sinal de estar desgastado ou embriagado. Soltou um leve arroto, se desculpando logo após.

- Faz algum tempo que não tomo nada tão ácido – disse, olhando o fundo da caneca. - Vejo que não gosta de beber.

- Não gosto – o Cavaleiro deu de ombros. - Continue a história de Draco, o Soturno.

- Ah, verdade, verdade. Bom, não tenho muito o que contar depois daquilo, ele foi o último Imperador de Mordok antes da criaturas abissais atacarem com tudo, mas alguns civilizações ainda tentam viver por lá.

- E você retornou logo depois de Draco morrer? - mesmo que seu corpo não indicasse uma curiosidade, os olhos de Orion brilhavam como estrelas no céu. Bebeu um pouco de água para disfarçar e continuou: - Tornou a voltar para casa?

- Fiquei 10 anos lá. E por conta disso, muitos achavam que eu estava morto. Não os culpo, é claro – riu descontraído, passando a mão na barba –, muitos deles acharam que eu estava morto.

- Então, você é o antigo Mestre dos Jionita, certo? - Orion parou de comer, levantando o copo, sem nenhum tipo de surpresa.

- Parece que essa informação não o afeta como deveria – Antrax riu baixinho. - É realmente uma pessoa diferente, Orion Baker. Sim, sim. Eu sou o antigo Mestre, mas é comum que você não me veja em livros, o Mestre nunca é uma pessoa que deveria ficar muito tempo.

- É, eu estou por causa do que comentou uma hora atrás. - Deixou a caneta em cima da mesa e olhou de soslaio ao redor, observando se alguém o encarava.

- Não se preocupe, as pessoas tem ouvido apenas para o que querem ouvir, e para eles, nós estamos conversando na Língua dos Cegos. Duvido que consigam duas em 10 palavras que falamos.

- Ah, então foi por isso que os homens que passaram agora a pouco nos olharam estranho. Usou alguma técnica de Ilusão?

- Basicamente. Reproduzi ondas sonoras em escalas variadas no ar, assim, faço com que nossas palavras tornem outras línguas. - Dando uma garfada, Antrax subiu com a carne e mastigou. - Bom, agora que contei um pouco de mim, espero que você me fale um pouco de você.

- Por onde quer que eu comece?

- Meus contatos são longos, então, gostaria que começasse por um estudo quando ainda estava nas Caldeiras de Ilhotas, que tal?

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora