Capítulo 132 - Prelúdio do Inevitável

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– Lorde Azrael foi gentil demais com esse vilarejo – um dos soldados caminhava ao lado dos outros, fazendo uma pequena patrulha. O solo negro liberava uma fumaça com cheiro podre, mas todos eles não se importavam, continuando caminhando. – Na maioria das vezes, ele só acaba com tudo e faz uma oração.

– Temos objetivos importantes para esse hoje – outro respondeu, mais atento. – Se falharmos em pegar umas duas Elfas, o que ele faria com a gente? Não quero ser mais um churrasco da areia dele. Uma vez, eu ouvi ele e senhor Zulto conversando, e ele explicou que a areia queimava a pele dele como brasa, mas que orava sempre para a dor passar.

Um dos soldados chutou um monte de areia e balançou a bota de ferro, com nojo.

– Lorde Azrael precisava fazer tudo isso sempre? Ouvi dizer que ele podia só incendiar tudo e a gente pegava todo mundo que corresse.

– Não. Seria uma caçada atrás de mais de dezenas de pessoas, eles conseguiriam chegar no Lago Saltus. O Rei Elfo seria alertado e o Exército Real chegaria aqui em menos de uma hora. Seriamos massacrados.

O homem concordou, dando de ombros.

– Se é para conseguirmos dinheiro e ganhar um pouco de prestigio para a Igreja, não me importo de sujar meus pés com a areia. Agora, vamos voltar ao trabalho, senhor Zulto disse que deixou mais umas 4 pessoas vivas.

O grupo se dirigia para o centro do vilarejo. Todas as casas foram derrubadas ou transformadas em pó, todos os prédios caíram e nada impedia deles verem boa parte do cenário ao redor, limpamente. Eles avistaram o restante do grupo cerca de 20 metros a frente, e se aproximaram.

Zulto e Lorde Azrael estavam juntos, parados e olhando ao redor.

– Acha que vai ser suficiente? Eu contatei Manzuu antes, mas não sei conseguiu sobreviver – Zulto dizia ao pegar um relógio de bolso e datar a hora. – São quase 4 da tarde. Ele já devia estar aqui com o garoto.

– Ele vai chegar tarde, pelo que vejo – Azrael riu sem se importar. Bem calmo. – Eu joguei Leonardo Takhan longe. O bostinha tentou me pegar pelo ar, eu o mostrei como se deveria atacar. Devo ter quebrado cerca de 3 ossos deles. Faria mais.

– Não precisa mostrar para ele. Com seu poder, senhor, poderia ter dizimado Lago Saltus com apenas um único movimento, estamos seguindo apenas ordens de superiores – Zulto guardou o relógio. – Se ele foi enviado para muito longe, vou mandar os soldados fazerem uma vistoria ao redor para procurar mais prisioneiros.

– Faça isso, mas mande-os em silêncio. Está quase entardecendo, e eu gosto de ver o pôr do sol sem barulhos.

Zulto abaixou a cabeça e se retirou.

Mesmo que olhasse para o que fizera ao seu redor, Azrael não conseguiria sorrir. Estava acostumado com nunca possuir um desafio, nem mesmo quando estava enfrentando a Ordem. Todos eram pequenos insetos comparados ao poder que ele adquiriu durante dezenas de anos.

Se por meio de um único golpe, um vilarejo inteiro cedia, era porque Hemilyn não mudara desde que morou ali. Era previsível e exposto demais. Qualquer um atacaria, qualquer um ganharia.

E o que faria o Rei Elfo? Ficaria sentado.

Almas que devem ser erradicadas.

Perdidos em suas próprias mediações, Azrael se sentou em uma pequena pedra e contemplou o horizonte. O sol estava se pondo, cada vez mais rápido, sumindo atrás da linha do solo. Apenas mais um dia de trabalho para um homem devoto.

Ele pegou um punhado da areia negra do chão e jogou, o deixando ser levado pelo vento.

– Você vê o vento? Que piada.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora