Capítulo 63 - O Fogo

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- Ah, o deserto.

Orion caíra sentado no meio das areias. O céu estava limpo, mas diferente de todas as outras vezes, estava de noite. As estrelas brilhavam no alto, como furos feitos por um tubo pequeno. O vento era leve, carregando apenas o calor do ambiente, mas nada de areia.

E no meio de todo o deserto, a águia. Como sempre, ela planava e retornava a subir. Não demorou para que Orion se levantasse e começasse a olhar ao redor. O lugar estava modificado, estava frio. Seus braços abraçavam o peito, protegendo as partes mais importantes do seu corpo.

O Deserto era conhecido pelas extremas temperaturas, de manhã era muito quente, de noite era muito frio. Essa era a primeira vez de Orion estando no Deserto à noite. Desacostumado, ele começou a caminhar, arrastando os pés na areia, seguindo a águia.

Permaneceu andando sem parar, a águia diminuía sua velocidade, se aproximando mais dele, e logo retornando a bater suas asas. Declinava tão rápido, e retornava a subir ao esticar as asas. Um animal fantástico.

Orion continuou respirando profundamente, tentando usar o ar sugado para aquecer a si mesmo, mas não adiantava, a temperatura era baixa demais, até mesmo para conseguir condensar calor. Abaixou a cabeça, pressionando o queixo no osso abaixo da garganta, continuando a caminhar.

Minutos, horas, dias. O tempo passava sempre da mesma forma, e o frio continuava a apertá-lo como garras, tão pontiagudas quanto agulhas, mas não conseguindo diminui-lo. Os joelhos travaram, os olhos vago do Cavaleiro buscaram a parte inferior do corpo, quando se deu por vencido, caiu.

O vento gelado rotacionou pelo deserto.

- Você compreende a Termologia.

Orion levantou a face, tremendo de frio. Seus olhos acinzentados era o resultado de que o frio estava o corrompendo de dentro para fora, tomando os músculos mais fracos primeiro. A crosta de gelo que pairava dos seus cabelos e também em suas têmporas.

Soltou um bufar fumacento, e sua barriga contraiu em dor. O frio estava se aproximando ainda mais do seu peito. Se chegasse aos pulmões, ele seria obrigado a parar seu caminho.

- Compreende os termos que exercem no mundo.

Orion não conseguia ver nada. Decepcionado por justamente não conseguir ver a mulher que o chamava, ele conhecia a voz. Era Vieszk.

- Você teve a chance de criar o fogo, dominá-lo completamente dentro do seu mundo. E continuou lutando contra a tentação da força descomunal. Eu vi Grilho ser liberado, mas não sinto a presença dele dentro de sua mente ou coração.

O cinza era a única coisa que Orion conseguia enxergar. Perdera a visão, no Deserto, fazia dias. Contava as horas até que sua visão se desfez completamente. A certeza de que o mundo ali dentro passara de quase 2 semanas é absoluta.

O Deserto não o respondia.

No momento que seu queixo foi levantado, o cinza tornou a desmanchar, como água em tinta, limpando o quadro sujo e liberando o branco por trás.

- Por que resiste ao chamado de sua própria espécie?

As chamas em forma humana diante seus olhos, o tocando com clareza, o aquecendo sem machucá-lo. A sensação de estar sendo abraçado, o conforto. As chamas estavam tão próximas, e não exalavam o medo, como o comum criava.

Vieszk se ajeolhou, ficando da mesma altura que Orion, e seus grandes olhos azuis, diferentes do restante do corpo avermelhado piscavam, curiosos.

- O que procura? Dominação, Controle, Poder... eu posso ver através de todos os que tentam se aproximar, então, fale com honestidade e saberei conta mentira para si mesmo.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora