Passos Arcanos: Caminho da Honra

Capítulo 151 - Posição de Poder

Com o passar dos dias, Leonardo se manteve longe de qualquer problema. Os Feiticeiros procuravam uma forma de sempre tentar conversar ou puxar assunto com a pessoa que criou, junto de outro aprendiz, caos entre os Mestres Necromantes.

O pedido de Retenção e a escolha da Justiça dos Feiticeiros eram regras absolutas, mas que não poderiam ser contestadas como bem entendessem. Na visão de muitos, Twini estava pronto para incriminar Leonardo, dando a ele a decisão de tirar a vida de pessoas, o que levaria a uma discussão das próprias regras.

Se Leonardo estivesse aceitado e cortado a cabeça daqueles três, três dias depois, sentar em sua cama ou estudar a Genética Bio-Arcana seriam impossíveis. Estaria morto, e não duvidava disso.

Os grossos livros que conseguiu obter na Oficina era apenas uma pequena porcentagem do que estava pronto para carregar. Seus olhos acompanhavam as palavras mais rápido do que seu corpo processava as informações, guardando consigo, mesmo não a utilizando no momento.

Ler o primeiro volume em dois dias lhe deu uma base do que poderia ou não fazer, e suas limitações como um Aprendiz. Estava fadado a caminhar como iniciante. Sua energia e Mana não eram grandes o suficiente, inferiores aos que os livros pediam.

Por conta disso, estar dentro da imensa Oficina de Genética, com tantos livros que eram incapazes de serem decifrados apenas por conta de sua falta de poder, o trazia angustia. Segurar grossos livros com centenas de anos de experiência era tão destrutivo quanto ser açoitado, e Leonardo sabia a sensação do segundo.

–... não ouvi nada. Mestre Reus disse que o Feiticeiro Xingu deve estar vindo para uma conversa por conta das regras. - Duas pessoas estavam atrás da prateleira, Leonardo as ouviu quando aumentaram o tom de voz. Era uma Oficina e nem o Mestre Alic estava presente, era bem claro que o som se propagaria.

– Que nosso senhor tenha piedade. Eu ouvia as histórias da maldade do Xingu, mas ainda sinto medo quando dizem que ele está para chegar.

Uma lenda impõe medo nos mais fracos, Leonardo pensou. É apenas uma pessoa, não existem deuses mortais.

– Muda de assunto – um deles ajeitou a postura, desconfortável com a tensão no ar. – Não quero ouvir mais sobre ele. Conseguiu algo sobre os Livros de Poderio? O que os outros falaram?

– Fala baixo, cara. Quer que todo mundo saiba sobre isso? Eu estou procurando, mas os Mestres não me deixam ir muito longe na Sala Negra. Não tenho acesso todos os dias, mas achei algumas fissuras em algumas paredes, acho que podem estar atrás delas.

– Calma, está falando sério?

– Estou. Tem umas fissuras que foram criadas, não é natural. Pode ser uma magia de ilusão, mas não posso sair metendo a mão, se uma Runa for programada para alertar, eu não sei como eu poderia pegar sem que os outros soubessem.

Os dois ficaram calados por alguns segundos, e depois o primeiro, mais eufórico, retornou a falar:

– E se você tentar usar uma Runa programada para burlar o sistema da primeira? Seria fácil. Organizamos uma Runa para contrapor a Mana, restringir os símbolos de comunicações e torcer a chave central.

– Demoraria dias para fazer, e não é tão fácil assim. Um erro, somente um erro, e podemos ser mortos. Não quero perder a minha vida tentando achar um livro antigo, como esse.

– Estou apenas dando uma ideia, calma. Não precisa ficar irritado.

Leonardo se esgueirou para o lado, nas sombras feitas pelas estantes, olhando a face dos dois Feiticeiros. Eram Veteranos, como esperava. Usavam mantos e sentavam frente um ao outro. Suas faces eram questionadoras. Tentavam achar uma maneira de chegar até a Sala Negra.