Capítulo 110 - Estradas

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Capítulo 110: Estradas

– Ovette e Mizu estão bem. Sem mais riscos de perigo, mas ela gostaria de vê-lo uma última vez. Por que não fica mais alguns dias? Só alguns. Não vai fazer muita diferença.

Com uma saca de linho nas costas, Orion ajeitou o novo peso, amarrando-a em um filete de coldre da espada negra, e balançou os ombros, se acostumando. Estava de partida, já era hora de ir.

– Estou pondo vocês em risco pelo que tenho, e depois que Amael falar com seu avô, ele vai querer vir falar para eu ficar também. Ele é o Guardião, e se ver que sou uma ameaça, vai querer limpá-la a qualquer custo.

Gârno se sentou, apenas observando o Humano se arrumar, e depois segurar o livro negro da Natureza Arcana. Orion o levantou, sorrindo.

– Posso levar para estudar mais? Eu só consegui fazer uma pequena diferenciação dos elementos, mas ainda tenho muito para aprender.

– Claro que pode. É seu. Tem muitos desse por ai, é como um livro didático. Eu posso te arrumar alguns outros livros, se quiser.

– Só esse vai ser suficiente – Orion o enfiou dentro do manto, guardando em um pequeno suporte. Ele se virou para o homem e foi até ele, o abraçando. – Isso é um adeus, Gârno. Agradeça a Ovette por mim.

O Exilado não poupou força e o abraçou com força, concordando.

– Se cuida, amigo. E... obrigado por tudo.

*

Por dois dias seguidos, Ovette gemia na cama por conta dos ferimentos em sua barriga. A água da fonte limpou qualquer infecção presente e também não deixou que a febre se estendesse. Por dos dias, ela teve seus braços presos por amarras e não pôde virar o corpo.

Se virasse, os fios que uniram sua carne iriam se soltar, e demoraria mais uma semana com processo para saturar. Eles não poderiam usar nada além procedimentos mais rasos, as chamas seriam suficientes para selar a carne, mas a dor poderia deixá-la traumatizada.

E junto dela, Mizu, o mais novo Anciã. Os cortes que recebeu nas costas não foram tão profundos, mas todo o processo para curá-lo foi mais leve, usando ervas para retirar o veneno que foi implantado e limpando os machucados com a água da fonte.

Ele já estava acordado quando a porta foi aberta e, para sua surpresa, quem entrou era Orion Baker, o homem que o salvou. O barbudo ignorou sua presença e só parou ao lado de Ovette, segurando sua mão, com delicadeza.

Não disse nada para a mulher, mas seus olhos eram suficientes para revelar a tamanha preocupação. Ele abaixou a cabeça e tocou a testa nos dedos dela, deixando um sorriso escapar de seus lábios.

– Pensei que tivesse partido – Mizu se virou, sentando na cama.

– Estou indo, agora. Se eu ficar, trarei problemas. - A mão de Ovette recolocada no lugar, e Orion ajeitou sua bagagem nas costas. – Cuide bem dela.

– Gârno me disse que ela gostava de você, talvez, se ficar-

– Minha casa não é aqui, então, eu agradeço. Estou indo em direção a última Lácrina, e acho que você deveria saber já que agora é o novo Ancião. É um cargo alto.

– Fui preparado minha vida toda para esse momento, mas agora, sem minha mãe para me ajudar, eu sinto que... estou perdido, sabe? Eu ouvi Amael dizer que eu não deveria procurar vingança pelo que fizeram com minha mãe, nem pelo que fizeram por mim.

Sua mão se fechou, os cortes de suas costas o lembravam de como foi açoitado pelos dois.

– E por que se vingaria? Pelo que fizeram com você?

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora