Capítulo 102 - Fontes Termais do Exílio

48 4 2
                                    

Com a saída do pantâno lamacento, a pequena estrada que os Exilados tomaram foram de uma vegetação mais baixa, com poucas árvores e mais arbustos. Mesmo não tendo tantas árvores, flocos de cor amarela caíam de tempos em tempos, sendo liberados pelas flores e plantas.

Orion continuou observando. O lado da montanha que guardava a civilização dos Exilados era muito mais misteriosa, o cheiro das plantas, do ar, os flocos que eram liberados como uma tosse da natureza e até mesmo a concentração de Mana ao redor, tudo era muito mais fantasioso.

Até mesmo a cor ao redor parecia ser mais viva do que nos outros pontos. Ovette e Gârno não disseram nada, mas sempre que alguém era convidado ao vilarejo, a surpresa era maior por conta do cenário.

Era a reação natural, independente da pessoa. E por conta disso, eles suavizaram. Orion era um humano comum.

Depois de Ovette ter contado a Gârno que Orion conseguira a Lácrina, ele ficou abobado. Ter ouvido sobre o Anviguerdo e como as provações foram contra qualquer outro desafio, seu respeito e admiração a Orion deram uma crescida.

Embora estando preso por dois anos e sofrendo muito mais que os dois, Orion ainda possuía um brilho no olhar que não mudara.

Foram atravessando uma grande mata alta quando a mão meio cinzenta de Gârno se elevou. Os dois pararam, atrás dele.

– Barreira defensora – ele disse se abaixando e dando um peteleco na base de uma camada transparente. – Eles melhoraram o sistema de defesa, como pedi.

– Depois do nosso sumiço, devem ter valorizado um pouco do seu trabalho – a risada de Ovette não foi aprovada para Gârno.

– Bom que eles entenderam o conceito de uma boa defesa. Agora, Orion – ele deu espaço para o Humano passasse. – Faça as honras.

Elevando a mão direita, a barreira se contorceu e estourou, criando um espaço mínimo para que pudessem passar. Uma pequena esfera foi condensada em sua palma, mas desapareceu logo em seguida.

Segundos após o entancamento da barreira mágica, sons rápidos surgiram de todos os ângulos. Ovette e Gârno entraram e Orion, logo em seguida. Ao pisarem do lado de dentro, espadas largas e curvadas estavam miradas para cada um deles.

Seis pessoas seguravam suas armas, em posição ofensiva, mirando, embaixo de uma armadura leve de batalha.

– Identifique-se, agora – forte e centrado, o líder falou. – Nenhum homem ou mulher avança por essas terras.

– Ah, deixe de bobeira, Kisak – Gârno abriu os braços. – Não reconhece seu próprio irmão de batalha? Sua visão ficou tão ruim assim?

Os outros olharam para seu líder. Kisak abaixou a espada e então arregalou os olhos. Largou a espada e abraçou Gârno com imensa força.

– Irmão.

– É, eu sei, eu sei. Você estava com saudade, não era? - ele deu tapinhas nas costas de Kisak, sorrindo. – Os outros, se quiserem um abraço coletivo, é agora. Não sou doador de carência. Venham, venham. Kilik, Maresa e Loua.

Os outros três também se juntaram, conseguindo sufocar Gârno com seus braços apertados.

– Tá bom, tá bom. Podem parar.

Eles se separaram, mas Kisak segurou seu amigo pelo ombro, com um sorriso quase tão vivido quanto a natureza ao redor. Ele não acreditava no que via.

– Está vivo. Machucado, mas vivo.

– Tivemos dois anos bem difíceis, mas voltamos. Parece que conseguiu se tornar chefe da guarda. Claro que conseguiria, depois dos meus planos de defesa, você era o mais habilidoso para conseguir produzir.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora