Capítulo 144 - O Rato

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– O senhor queria me ver, Mestre? – Leonardo surgiu pela grande porta de pedra, entrando na sombria Sala Negra. Mestre Bushep estava sentado, com os dois olhos fechados. Ele respirava ao ponto do ar expelido poder ser ouvido.

Esperando algum tempo, ele recobrou sua consciência, encarando o Elfo careca.

– Os Mestres estão assustados por conta das mortes que envolvem os mais novos – disse-lhe, em um tom sério. – A única coisa que não admito enquanto estou vivo é traiçoeiros e traidores, aqueles que maltratam os mais baixos.

– Acredito que existirá uma punição para esses feitos, Mestre.

– Claro que existirá, e qualquer que seja a pessoa, será retirado o sangue o mesmo daqueles que morreram. O Mestre do rapaz Konj está irritado, as habilidades que via naquele pequeno Elfo poderiam ajudá-lo e muito em sua reconstrução celular, agora, temo que não haverá mais nada que possa ser feito.

– Sempre existe alguém para ajudar, Mestre – Leonardo continuou firme, observando não só Bushep, mas a cadeira que sentava. Era pontiaguda, lâminas negras afiadas para cima, nos braços e nas costas, feitas para incomodar e até mesmo machucar aquele que sentá-la. Era um trono de lâminas. – Sei que o senhor tem algo a mais para mim. Pensei sobre as Oficinas, mas irei usar sua recomendação.

– As Oficinas são orquestradas para que cada um faça o que bem entender, ajudar a si mesmo e crescer. A primeira medida, apenas os Mestres são chamados de Necromantes. Os Aprendizes e até mesmo os Veteranos são considerados Feiticeiros.

– E o que difere um do outro, mestre?

– A velhice, a sabedoria, a morte – Bushep deu de ombros. O buraco em sua face mostrava a garganta, ele arrastou a mão nela, vagueando em lembranças. – O que te torna mais forte que o outro não conta apenas como físico, o mental auxilia aqueles que um dia foram usados por outros.

Leonardo se manteve em silêncio. Bushep respirou pesado, mais uma vez.

– Sabe quanto tempo tem que não vejo alguém orquestrar mortes tão detalhadas aqui dentro? A pessoa apagou o próprio rastro, usou um veneno de dentro do edifício, deixou uma marca no coração de todos, não de medo, mas de tormenta. É como se ele fosse um fantasma, isso é um jogo mental.

– O senhor irá capturá-lo, senhor – Leonardo falou com tanta convicção que quase enganou a si mesmo. – Mestre Reus e o senhor são os mais fortes que já presenciei, não iria contra a inteligência nem se fosse cem anos mais velho.

Uma risada amarga recaiu pela Sala Negra.

– Sabe como agradar uma pessoa, criança. Pois bem, minhas recomendações as Oficinas serão aquelas que achar necessárias para seu uso. Como um Mestre, meu dever é apoiá-lo, independente da área escolhida, portanto, escolha com sabedoria.

– Obrigado, Mestre.

Leonardo se afastou para a porta, mas antes de sair, Buhsep o alertou:

– Diga a seu colega Twini que tenha cuidado com os inimigos que vem fazendo. Alguém abriu uma verificação em seu dormitório faz poucos minutos.

Leonardo concordou. Ao sair, viu Golir caminhar para o final do corredor. Ele estava de costas e não se virou. Leonardo esperou que a porta atrás de si se fechar para caminhar atrás do companheiro de quarto.

Sua mão se abriu e uma pequena Runa emendou em seu peito. Em segundos, seu corpo deformou, perdendo massa e volume, descendo a forma de um rato. Fazia dias desde que não ativava a Transmutação, mas uma forma pequena foi suficiente para que não precisasse gastar tanto, e usando uma segunda Runa para apagar seu rastro, correu pelo canto da sala.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora