Passos Arcanos: Caminho da Honra

Capítulo 56 - Poderio Elevado

- Mesmo que todos achem que seu ato corajoso, rapaz, deve compreender seus erros primeiro do que receber a glória. Somos feitos de estados de Mana, da magia liberada e do Arcanismo para nosso compreendimento. Somos tudo o que um dia a terra criou, e para isso, você deve entender perfeitamente onde errou antes de prosseguirmos.

Orion estava sentado no chão de seu quarto, olhando para frente, para Antrax, que cruzava as pernas e o encarava por baixo do capuz.

- Sua ação custou muito mais do que você acha, e por conta disso, há punições na qual terá que seguir. Como sou seu mentor, irei te ensinar a como controlar sua capacidade, mas não irei deixar que a use da forma que quiser.

- Usei apenas aquilo que mostrei na floresta. Dividi a Mana, executei um arco separado de Runas. Fiz o que achei necessário para sobreviver, é o que sempre estive fazendo nesses meses.

Ainda inconformado, Orion tentou falar mais, porém, o dedo de Antrax estava erguido, o cessando. Era o sinal de que o silêncio era necessário.

- Você não carrega apenas o poder de uma pessoa comum. Sabe de sua capacidade, certo? Sua força é acima do comum, e se você se descontrolar, poderá acontecer o mesmo que houve na floresta. Todos temos medo, sei muito o que sentir medo, mas você não deve ser o medo das outras pessoas.

- E por que acha que eu seria o medo de alguém? - Apontou para si, completamente sem entender. - Eu lutei por Hana, estou disposto a lutar por alguém que acredita em mim.

- E eu tenho orgulho de ver pelo menos um Sol Negro fazendo isso. - Antrax deu uma pausa, voltando a encarar o chão, algumas lembranças retornando sua mente. - Eu te falei sobre o antigo Sol Negro, ele era um rapaz tão corajoso quanto você foi, mas por um erro, ele acabou nas mãos de inimigos, homens e mulheres que não esperaram ele treinar, e o mataram. Tudo por um erro.

- Um erro? - Orion perguntou, e a mesma perguntou ressoou na mente de Carla que assistia.

- Sim, eu tenho que dizer que não deveria existir dois Sois Negros, na verdade, acho que isso foi criado por alguma anomalia, algo que não deveria acontecer. Nunca. - Ele deu ombro, não encontrando respostas. - Mas, o mundo é algo que sempre surpreende, e cá estou eu, conversando com os dois.

Ele fez um círculo no ar, a mana adornou o formato da terra, e em seguida fez dois pontos no meio.

- Esses dois pontos são vocês dois. - Com o dedo, riscou uma linha entre os dois pontos. - E aqui está o que os liga. Por mais que eu não consiga pensar em algo que una os dois, eu suponho que seja a própria Mana os ligando. Entretanto, vocês dois são diferentes, e sabem disso.

Apagando o desenho feito com mana, Antrax respirou fundo.

- Carla Logh, você possuí um compreendimento lerdo em relação aos outros no Arcanismo.

Indignada, Carla fechou a face.

- Como ele sabe disso?

- Eu passei por Juntorill voltando de Mordok, sua mestra é uma antiga companheira e me contou sobre suas dificuldades. Entenda, o mundo é grande demais, e não vai te esperar. Eu irei dizer uma única vez, e quero que entenda, jovem.

- Ela está nos vendo – Orion confirmou.

Antrax concordou, já sabendo do fato.

- Você possuí um compreendimento raso de Arcanismo, mas sua habilidade com a Mana é surpreendente. Não é por menos que a Igreja estava sempre de olho em suas capacidades, eles procuram armas, e você era a coisa mais perto disso. Mas, se você deixar de se esforçar, isso se tornará inútil, assim como Orion se perderá se não seguir pelo caminho correto.