Capítulo 34 - Tubos de Confissão

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- Mestre – uma voz chamava Oper por trás, um tanto quanto indecisa e ansiosa -, não deveria ter ajudado um Sol Negro.

A roupa do Mago estava diferente. Um grande manto cobria seus ombros, caindo para trás, a gola alta ajudava a proteger do frio e do calor, e sua vestimenta era uma mistura de uma nobreza antiga, quase imperialista.

Oper não parou para responder seu aprendiz, seu único aprendiz.

- Quando criamos animais da floresta, temos uma necessidade gigante de controlá-lo, de modo que nunca se vire contra nós. Entretanto, o controle barra o instinto, tornando ainda mais rude o choque de realidade.

- Mas, senhor, aquele não era um animal, ele era um Sol Negro.

- Não, está errado – Oper parou diante uma porta.

Ambos estavam olhando para uma estrutura antiga, era a costa de um pequeno lago no meio do deserto. As paredes irregulares e amareladas construíam a natureza rude por conta das erosões. A pedra não era lisa, e o terreno ao seu redor era arenoso.

Claramente, eles não estavam em Archaboom.

A porta era feita de madeira bruta, mas se abriu sem que nenhum dos dois fizesse esforço. Um vão escuro como a noite era o seu interior, e mesmo que o sol estivessem em seu pico, ainda era impossível ver por dentro.

O pequeno lago atrás de si ondulava mesmo sem um único vento, sendo pequeno e circular, tendo uma única e estreita entrada. Oper suspirou ao sentir a vibração do solo, embaixo dos seus pés. Eram suas consequências chegando, cada vez mais rápidas.

Ele se virou para encarar uma figura completamente feito de água, uma mulher que escorria o azul cristalino, mas com duas esferas e sua boca brilhando em amarelo.

- Unane – Oper não se alterou pela presença da Elementar, mas seu aprendiz deu passos para trás, completamente amedrontado. - Devo sua presença pelos meus atos recentes, senhoria?

- O mundo é um equilíbrio, Oper. Está criando ondulações simples, mas que irão mover as raças, isso é errado, muito errado. Trará consequências a todos nós, e sabe disso.

- Sei que a única coisa que Armeno queria era matar um rapaz por acreditar que ele era o Sol Negro. Não é o que estamos acostumados a fazer, Unane. Então, devo dizer que também irá fazer uma visita a ele ainda hoje?

- Armeno está além do meu alcance.

As águas subiam e desciam, alimentando a mulher, mas ela não saiu do mais raso do lago, olhando para seu antigo companheiro. Oper era uma existência sistemática, e não mentia, nunca mentia.

- Claro que está – ele riu, zombando. - Veio me dizer o obvio, e agora irá embora, como se o culpado fosse apenas eu.

- Não estou atribuindo culpa, estou apenas avisando. Esse mundo é completamente unânime, os ordinários não devem estar no meio lugar que o nosso, nem mesmo uma criança que acham ser o Sol Negro.

- Não acho que ele seja o Sol Negro, Unane – Oper cruzou os braços, ainda permanecendo em sua tonalidade orgulhosa e séria. - Existem muitos que poderiam ter sido massacrados por conta de um erro, uma suposição errada, mas acredito que existem talentos além dos nossos olhos.

- Está se referindo a Grilho?

- Rotar está em sua posse, e eu não poderia retirar dele nem se quisesse. Algo o prendeu ao Cavaleiro. Nem eu e nem Armeno conseguimos, você sabe o que significa, não sabe? - e forçou a voz, tornando seu olhar severo. - Sabe o que significa um Sumona grudado?

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora