Capítulo 116 - O Gelo Conta Histórias

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– Não há dúvidas quanto a magia – Carla disse aos demais. – O lugar está vazio.

– Então, temos caminho para seguir. Não é de todo mal – Muriel já estava sentada, a demora da arrumação da Runa foi mais do que suficiente para suas panturrilhas doerem. – Eles devem ter fugido.

– Não, vocês não entenderam – Carla intensificou ainda mais a voz. – Ele diz que não existe vida em toda região coberta de gelo.

Grimin torceu o nariz, puxando e tomando coragem para falar.

– Aquelas pessoas todas, elas morreram.

O grupo se calou. Eles olharam para a residencia mais próxima, estava transtornada e cheia de floco de neves por cima, mas nenhum tipo de congelamento. Era a mais afastada das casas, mas até mesmo dezenas de metros não foram suficientes para proteger das rajadas de gelo.

– Deus tenha misericórdia dessas pobres almas. São Humanos, estavam trabalhando como empregados nas Lavouras.

– Como sabe disso, Ross?

Ele puxou o papel da missão e deixou que os demais pegassem-no.

– É o que diz o papel. Eles vieram de Hunos em busca de uma vida melhor, nunca souberam que estavam tão perto da morte.

– Falando assim, eu tenho que afirmar: Deus tenha pena de suas almas – Muriel entregou o rolo da missão, depois de ter passado na mão de todos eles. – Ainda assim, a missão foi enviada faz pouco tempo, quem mandou sabia que isso estava acontecendo.

– Eles não foram pegos de surpresa. – Os outros olharam para Carla, focada no cenário. – A missão foi dada para que viemos matar essas criaturas, mas não dizia quantos são ou quem são. No máximo, essas criaturas não escolhem, mas não foi a primeira vez que atacaram.

Seu dedo foi para onde os habitantes estavam correndo.

– É uma estrada principal. Única, por assim dizer – continuou ela. – Eles já estavam correndo. E muito longe deles, de onde o gelo começa a se expandir, ali é onde a magia foi usada. Eu não faço ideia que criatura possuí um poder tão grotesco, mas os que moravam aqui estavam esperando eles.

– Fica meio ilógico esperar por uma criatura que poderia matá-los. São todos Lavradores, no máximo, teriam uma pá ou uma enxada. – Ross negara. – Eles não estavam ali para se proteger, as casas foram congeladas por um único movimento, uma única magia, sem ondulações, sem sinal de vida ou sem rastros.

Ele olhou para os outros, sério.

– Criaturas irracionais não voltam para apagar rastros, e de onde estamos, nem mesmo uma pegada dá pra ver.

Grimin já tremia quando conseguiu perguntar:

– O que quer dizer?

– São invocações – Ross desabou, sentando. – Eu não queria chegar a essa conclusão, mas eles conseguiram congelar até mesmo as plantações aquosas. Se o objetivo deles era uma pequena vila, então, conseguiram.

– Eles não vão parar aqui, é o que está querendo dizer?

– Isso. Se seus objetivos eram as pessoas que faziam a comida, então, eles querem selar os alimentos que rondam Juntorril.

Carla se levantou, dando leves tapas nas calças de couro fino e ajeitou a capa escura atrás das costas.

– Vamos ter que fazer ronda para ter certeza. Confio na magia de Grimin, então, sei que não terá ninguém por perto. Se alguém aparecer, mesmo que for uma manada dessas criaturas, temos como fugir.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora