Capítulo 38 - Cani-Dirus

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A roupa não estava tão larga quanto Hana achou que seria. A camisa e a cota de malha eram largas, mas dando um nó ao lado, coube perfeitamente em seu corpo. A calça de couro foi dobrada nas pontas e o pequeno par de botas velhas foi dada a ela.

A sacola de Orion era quase um guarda roupa, tirado de muitos das pessoas que entraram no seu caminho, uma peça de roupa cada. E na mulher, que prendeu seus cabelos para trás com um elastico velho, sua aura renomada de uma nobre quase retornara para si.

Isso se não fosse o frio que sentia e o bater de dentes.

- Não lembro de esfriar tanto assim a noite – disse, revolvendo um pouco mais os braços, abraçando o peito.

Uma capa pesada foi lançada em cima de sua cabeça, e ela a pegou, dando uma olhada simples. Depois, retornou o olhar para Orion, apenas com seu traje de batalha negro, um pouco sujo, por cima do corpo.

- Não vai ficar com frio? Não quero esmola apenas por ter feito um comentário.

- Não preciso dele, pode ficar. - Não desgrudava o olhar da natureza, o vento sussurrava de lugares diferentes, quase tão indisciplinados quando formigas assustadas ao terem seu caminho barrado. - Temos que achar um lugar para ficar essa noite.

- A estalagem mais perto fica cerca de 5 quilômetros daqui, se seguirmos pelo rio, não vamos nos perder.

Hana não se importava de estar na natureza, Orion era alguém que não parecia ser tão habilidoso com armas, não pelo jeito que falava, não pela atitude risonha e um rosto mais claro, sem transparecer emoção surpresa.

Durante muito tempo, em sua casa, Hana estivera observando Cavaleiros e Campeões, da Ordem e do Clero, lutarem para terem um pouco de comida e um lugar para ficar. E eles eram tensos, tão tensos que seus olhares ficavam afiados sem ao menos estarem lutando.

Orion não era assim. Hana até poderia dizer que ele não era nem mesmo Cavaleiro pela postura relaxada, mas seus dedos, eles eram calejados, tensos e estavam se mexendo frequentemente entre as adagas e a espada na cintura.

Ele não exalava preocupação, mas estava tão focado quanto um Cavaleiro que lutava todos os dias.

- O rio é lugar preferido dos animais noturnos – disse, voltando a encarar Hana. - Vamos caminhando, mas temos que achar uma caverna, ou algum lugar que possamos passar a noite.

Ergueu as mãos, quase como uma súplica:

- Qualquer coisa, menos um buraco no chão.

***

- Jionitas são mais voltados para a agricultura, uma família comerciante fora dos padrões recomendados. Somos da Cidade de Mermet e fazemos vendas e compras voltadas para plantações – Hana abanou a mão com uma voz tediosa, já dissera aquilo centenas de vezes. - É comum que as pessoas achem que somos uma família fraca, mas somos os mais talentosos para Arcanismo e magia.

- É interessante ver uma família não está filiada a Igreja ou a Ordem. - Caminhando ao seu lado, as mãos de Orion estavam atrás das costas, apenas contemplando da história. - E por que esse tal de Lupus te enviou para dentro de um buraco?

- Isso é mais antigo ainda. Lupus é apenas um canalha que simplesmente acha que pode dominar Mermet quando quiser, fazendo contratos, assinando acordos, chantagens e sequestros – apontou ambas as mãos para si –, como pode ver.

- Ele parece ser uma pessoa que entende bem de negociações amistosas – devolveu o Cavaleiro com um sorriso. - Eu não tenho muitos inimigos, então não sei como é estar contra a parede.

Passos Arcanos: Caminho da HonraOnde histórias criam vida. Descubra agora