Capítulo 7

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                      O quarto era tão maravilhoso quanto qualquer outro cômodo que vi dessa casa. Muito maior do que qualquer quarto que tive em minha vida, além de parecer de princesa, tudo bem decorado e feminino.

— Nunca tive uma cama de casal.

— Bom agora você pode brincar. - ela lançou um olhar malicioso.

— Agora entendo porque as meninas falam que você só fala besteira. - ri.

— Só falo a verdade, é diferente. - ela se explicou indo em direção a uma porta de vidro. Ao abri-lá pude ver que era uma sacada. - Faz tempo que não usam esse quarto, então melhor deixar aberto um pouco. E aqui é o banheiro. - ela comentou abrindo outra porta. - O meu quarto é aqui ao lado, então quando precisar é só me chamar.

— Angie, muito obrigada mesmo! Nunca vou poder agradecer quanto deveria.

                      Sorri me sentando na cama que parecia um algodão gigante. Meus olhos passeavam por tudo ao meu redor ainda sem acreditar no que via. Eu não merecia tudo isso.

— Eu sei pelo o que você está passando. Bom, alguma hora a gente vai ter que falar disso, então lá vai... - ela respirou fundo se sentando ao meu lado. - Eu perdi meus pais quando tinha 12 anos. - sua fisionomia mudou na hora. Seu olhar estava vazio fitando o chão. - Então fui morar com a minha avó, que era a única parente próxima. Só que ela nunca gostou de mim. Tinha vezes que eu não tinha nem o que comer, então tive que aprender a cozinhar sozinha. Quando ia na casa dos meus amigos, ela nem me buscava e me deixaria lá para sempre se pudesse. Então com 16 anos eu fugi de casa. Quer dizer, tentei. Era uma cidade pequena, então todo mundo sabia da vida de todo mundo. Não demorou muito até a polícia me levar de volta para ela. Até pensei em tentar de novo, mas minha avó me disse uma coisa que me fez mudar de ideia.

— O que?

— Que se eu tentasse aquilo de novo ela não me aceitaria de volta. Como era menor de idade seria mandada para um orfanato se fosse pega de novo. Apesar de não gostar de morar com ela, ainda era a única família que tinha. Meu amor por ela era verdadeiro apesar de não ser recíproco. Como já tinha 16 anos, preferi esperar. Quando fiz 18 vim direto para cá. Sempre quis morar em cidade grande, ainda mais com praia. Além de que aqui tem a maior universidade da região e sempre quis fazer Direito. - seus olhos estavam começando a lagrimejar o que me deixou sem reação.

                    Não estava esperando que ela me contasse essas coisas. Ela realmente tinha muita coisa em comum comigo, então ver que alguém passou pelo mesmo e agora era tão feliz me dava esperanças.

— E por que você trancou o curso? - assim que perguntei seu olhar transpareceu mais tristeza ainda.

                      Quebrou meu coração vê-la dessa forma. Ela estava sempre brincando e rindo, parecia tão forte.

— Vamos parar de falar de coisa triste. - ela deu um sorriso forçado. - Preciso de um apelido para você. Não gosto de chamar as pessoas pelo nome, é sério demais.

                      Eu queria saber mais, mas não queria pressiona-lá. Ela não estava me forçando a falar nada, então tinha que fazer o mesmo, apesar da minha curiosidade.

— Nunca tive um apelido, então nem tenho ideia. - respondi.

                     Meus únicos apelidos eram variações de vadia, então acho que isso não contava.

— Deixa eu pensar... Alicia... - ela falava sozinha, enquanto apoiava o queixo na mão. - Lily... Não, Lily é muito fresco. Ally... É, gostei. Ally é melhor. - ela me olhou esperando aprovação.

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora