— Andrew? - indaguei.
— Oi! Você está com a Angie? - ele perguntou, deixando-me mais confusa ainda.
— Não. Estava justamente tentando falar com ela. - eu liguei errado? Olhei para a tela do celular, mas o nome dela e uma foto que ela tinha tirado fazendo careta estava lá.
— Eu não sei o que aconteceu. A gente estava jogando vôlei como sempre, mas ai ela saiu do jogo do nada, pegando a bolsa e indo embora sem nem nos dar tempo de perguntar alguma coisa, mas o celular dela deve ter caído por ela ter pego tudo muito rápido.
— Ela não foi para a república?
— Não. Já liguei para a Lauren e ela disse que ela não voltou e nem ligou. Quer dizer, pelo menos a parte do não ligar faz sentido.
— Será que aconteceu alguma coisa? - perguntei preocupada.
— Acho que não. Daqui a pouco ela aparece. Um tempo atrás ela vivia sumindo desse jeito e quando voltava fingia que nada tinha acontecido.
— E vocês nunca perguntaram o que tinha acontecido?
— A gente tentava, mas você sabe como ela é.
— Espero que ela esteja bem.
— Eu sei como é, mas a gente só pode relaxar e esperar. Até porque é a Angie. Ela mais do que qualquer um sabe se virar muito bem sozinha. Mas e você? Aconteceu alguma coisa? Não parecia que você estava ligando só para fofocar. - riu.
— Não. É que a Angie ficou de me buscar, a gente ia no cinema. Mas tudo bem, vou chamar um táxi.
— Eu posso te buscar. Já estou no carro mesmo.
— Obrigada, mas não precisa. Eu procuro um táxi por aqui.
— Está chovendo muito. Já estou na rua mesmo, então só me enviar o endereço. Não custa nada, eu também estou indo para a república.
— Ahn... Tudo bem. Obrigada!
— Tranquilo, já estou indo.
A chuva estava ficando cada vez mais forte. Justo quando eu decidi parar de usar roupas de frio no verão o clima tinha que mudar desse jeito. Eu devia ter procurado um táxi. Não queria atrapalhar o Andrew mais uma vez e muito menos fazê-lo dirigir nessa chuva, mas minha cabeça não estava no lugar agora. Até a apreensão que estava pelas fotografias se esvaiu com a ideia de que algo poderia ter acontecido com a Angie. Tudo bem que ele disse que ela já fez isso antes, mas não podia ser normal. Ninguém sumia do nada. Enquanto estava imersa nas mil possibilidades do que podia ter acontecido a voz de Andrew me trouxe para a realidade.
— Alicia! Desculpa, eu tive que estacionar do outro lado da rua, aqui é só para clientes.
Ele apontou para onde vários carros pretos estavam estacionados. Estava tão perdida em meus pensamentos que nem tinha percebido eles chegando.
— Aqui! Para você não pegar chuva. - ele segurou um casaco encima da minha cabeça quando saímos da cobertura.
— Nã... - quando ia dizer que não precisava, tanto porque não queria que ele se molhasse por mim, quanto por ele estar praticamente me abraçando, a porta de um dos carros pretos abriu, deixando-me incapaz de dizer qualquer coisa.
Um segurança segurava um guarda-chuva, enquanto Kyle descia como a estrela que era. Ele tirou o óculos escuro, deixando seus belos olhos azuis irem de encontro aos meus. O conhecido frio na barriga veio me visitar e se não fosse pelo Andrew que continuou andando, eu ficaria parada que nem idiota no meio da chuva fazendo o que faço de melhor: admirando Kyle Collins. Abri um sorriso para ele, mas ele colocou seus óculos de volta e seguiu com o segurança para dentro do prédio como se nem me conhecesse. Como assim?
— Nossa! Que chuva é essa?! - Andrew comentou assim que entramos no carro, chacoalhando seus fios loiros, que estavam mais escuros agora molhados.
— Obrigada. - agradeci lhe entregando o casaco que agora estava ensopado. - Desculpa, você realmente não precisava ter feito isso.
— Relaxa, é só água! Você se preocupa demais. Na verdade foi até bom, estava com calor por causa do vôlei. - ele ameaçou tirar a camiseta molhada que estava vestindo, mas depois olhou para mim e parou.
— Não só pela chuva, mas por vir até aqui me buscar.
— Você faz parte da irmandade agora. A gente está sempre aqui para tomar conta uns dos outros, ainda mais que você ainda não está acostumada com essas loucuras repentinas da Angie.
— Por falar nela, você não teve mais nenhuma notícia?
— Não. O máximo que a gente pode fazer agora é esperar. - não era o que queria ouvir, mas assenti com a cabeça.
No caminho até a república Andrew foi me contando algumas loucuras que eles já passaram nessa vida universitária. Ele realmente teve que ser o "enfermeiro" da turma mais vezes do que eu imaginava. A Angie estava na maioria dessas aventuras, o que me fazia sentir um pouco melhor que apesar de sempre se meter em problemas ela pelo menos sabia como sair deles.
Quando todos já estavam dormindo eu estava rolando de um lado para o outro na cama inquieta. Peguei meu celular mas não tinha nem como eu ligar para ela se ela estava sem o dela. Além do mais não queria sufoca-la, talvez eu só estava deixando meu lado pessimista tomar conta. Mas ela foi minha primeira melhor amiga e era tão importante para mim como uma irmã. Eu devia toda essa minha nova vida a ela.
Procurando alguma ligação ou mensagem que ela possa ter me mandando de outro lugar, vi que nem tinha conseguido responder a mensagem de Kyle. De qualquer forma agora já era tarde demais para enviar alguma coisa. Eu tinha ficado tão feliz quando o vi. Só queria sair correndo no meio daquela chuva, abraçá-lo, beija-lo e dizer quanto o amava como em uma cena perfeita de filme de romance. Só que a vida não é um filme e a única interação que recebi foi seu olhar vazio e indiferente. Doeria menos se eu pudesse ficar em dúvida de que ele me viu, mas eu sabia que tinha me visto.
Não que eu esperasse grande coisa. Claro que eu sabia que para ele o que passou entre nós não significaria nem metade do que significou para mim, mas nunca imaginaria que seria exatamente como se nem tivesse acontecido. Podia ser minha mente iludida, mas ele pareceu me tratar diferente. Pensei ver um brilho em seu olhar que não tinha quando nos encontramos a primeira vez na boate. Eu sei que não era porque ele segurou minha mão que íamos namorar ou algo do tipo, mas achei que pelo menos teríamos a chance de nos conhecermos melhor. Não podia ter sido tão ingênua e iludida assim.
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A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]
RomanceKyle Collins pode ser a maior estrela entre as celebridades, mas para Alicia ele é muito mais do que isso. Ele é a única estrela que ilumina a escuridão que ela tem como vida. Presa em um ambiente problemático tanto na sua escola quanto em sua própr...