Capítulo 55

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POV Kyle.

                Eu e Angelina ficamos estáticos, enquanto encarávamos aquele caderno sem sermos capazes de reagir, apenas com lágrimas escorrendo pelos nossos rostos. Sentia como se meu coração estivesse sendo mutilado a cada letra que lia daquilo. Como se tivessem machucado a mim mesmo. Ou pior, eles machucaram quem era mais importante para mim do que eu mesmo. Aquelas fotos voltaram a tomar conta da minha mente, mas agora de uma maneira totalmente diferente. Minha cabeça parecia estar dentro de um tornado sendo levada por uma confusão de sentimentos. Raiva, tristeza, desespero, impotência, tudo. Como alguém pôde se aproveitar assim da inocência de alguém? Claro que eu deveria ser a última pessoa para julgar alguém, mas até mesmo eu, que já fiz muita merda na minha vida e poderia ser mais comparado a um lixo do que um humano, nunca chegaria nem perto de fazer algo desse tipo. Isso foi covardia.

               Tudo começava a fazer sentido agora. A sua timidez, sua insegurança e desconfiança. Queria tanto poder abraça-la forte agora e dizer que tudo ficaria bem, que ela estava segura e que eu nunca deixaria alguma coisa acontecer com ela. Queria pedir desculpas por não ter a ajudado, mesmo sem nem conhecê-la naquela época. Eu faria de tudo para que isso não tivesse acontecido, mesmo se isso significasse que nossos caminhos nunca se cruzariam. Queria pedir desculpas por ter sido tão idiota. Eu a julguei quando ela mais precisava da minha ajuda. Eu agi exatamente como fizeram comigo. Eu devia ter confiado nela. Devia ter escutado seu lado da história antes de só acreditar no que meus olhos viam. Eu já devia saber que nem tudo é o que parece. Principalmente quando se trata em imagens usadas pela mídia. Eu devia ter ficado do lado dela e ter dado o apoio que ela precisava. Se eu já me sentia culpado antes, agora eu estava quase surrando minha própria cara. Mas mais forte do que minha raiva de mim mesmo, eu estava desesperado para achar cada um desses moleques e acabar com eles.

— Eu vou matar esses filhos da puta! - levantei rápido jogando o caderno na cama.

— Sério, Kyle?! Você lê tudo isso e isso é a primeira coisa que vem a sua cabeça? - Angelina limpou as lágrimas de seu rosto. - Pode ter certeza que eu estou com tanta raiva quanto você dessas pessoas. Porra, como eu também queria sair agora mesmo para acabar com eles! Mas mais do que isso eu estou preocupada com a Ally. Como eu não percebi isso antes? Todos os sinais estavam lá. Eu sou uma péssima amiga! - sentou-se na cama colocando a cabeça entre as mãos enquanto fitava o chão. - Ela precisava de mim e eu não estava lá. Ela deve estar precisando de mim agora mesmo e eu não estou com ela. 

— A gente vai encontrá-la! - tentei incentivar, precisava convencer a mim mesmo também.

— E se for tarde demais? - ela já estava aos prantos.

— Não! - gritei. - Não. - repeti mais baixo. - A gente vai encontrá-la e tudo vai ficar bem.

— Mas a gente não tem nem ideia de onde ela possa estar.

— E essa cidade de onde ela veio? - opinei.

— Hm... Não acho que ela voltaria para lá. É o lugar onde tudo começou, por que ela faria isso?

— Exatamente! Foi onde tudo começou e onde tem que terminar. - ela continuou me olhando confusa. - Quando a minha mãe morreu eu sempre passava pelo mesmo trecho onde batemos o carro. Eu não sei explicar, mas às vezes quando você está machucado você acaba querendo se machucar mais ainda.

— Acho que sei o que você quer dizer. Mas mesmo se ela estiver lá, como vamos encontrá-la? A cidade é há horas daqui e eu não conheço nada de lá. Não sei onde fica a casa dela.

— Eu tenho meus contatos, consigo descobrir o endereço.

— Obrigada! - num impulso ela me abraçou, mas logo me soltou. - Mas eu continuo te achando um idiota. - completou.

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora