A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]

Capítulo 66

— Como você está? - Angie perguntou.

— Agora entendo porquê você se cansou tanto dessa pergunta.

— Verdade. Foi mal. - deu uma risadinha. - O que você tanto come aí?

— Banana amassada com canela. - respondi e ela me olhou estranho. - O que foi?

— Pensei que você odiava banana. - respondeu.

— Se eu como doce vocês reclamam e se como coisa saudável também. Se decidam! Pelo menos passei da fase de me afundar nos doces. A Amanda ia me matar se me visse comendo daquele jeito, ainda mais por já ter ganhado peso.

— Pelo menos você não tem que comer essa comida horrível de hospital. - Ela comentou se arrependendo na mesma hora. - Ah não!

— Ah sim! Ainda bem que você me lembrou.

                      Nesses últimos dias Angie perdeu um pouco da sua coordenação motora, então eu e as meninas precisávamos ajuda-la a comer, tomar banho, essas coisas. Ela odiava isso, mas não temos muito o que fazer. Seu tumor está tomando conta do seu cérebro, então todas suas funções estão sendo prejudicadas. Às vezes ela está bem, mas às vezes está toda atrapalhada. Então é melhor a gente fazer isso do que os enfermeiros, já que ela é teimosa e não deixaria.

— E você e o Andrew já estão se pegan... - coloquei uma colher da sopa em sua boca, antes que terminasse sua pergunta indiscreta, mas assim que terminou de engolir ela voltou ao assunto. - Pode me encher de comida, mas você sabe que vou continuar perguntando até você contar.

— Mas não tem nada para contar.

— Fala sério, Ally! Já faz um tempo que você está no apartamento dele.

— Ainda não consegui arrumar um apartamento para mim. Até pensei em ficar em um hotel até lá, mas ele me convenceu a ficar e eu não queria ficar sozinha.

— Você ainda tem esperanças de voltar com o Kyle? - perguntou, pegando-me de surpresa.

— Ahn... Não. - respondi, mas no fundo é que não sei ainda. Não consigo nos imaginar juntos de novo como nada tivesse acontecido, mas também não consigo imaginar viver sem ele. A resposta certa é realmente não sei.

— Então por que você continua evitando ele? Não responde o celular, não vai mais na república porque sabe que ele pode te encontrar lá, só vai trabalhar se tem certeza de que ele está a quilômetros de distância. O cara já veio até aqui no hospital te procurando, mas você nunca mais falou com ele, nem para terminar as coisas de uma vez.

— Eu não acho que consigo olhar para ele de novo.

— Isso tem alguma coisa a ver com a ameaça da bruxa loira? - perguntou se referindo a Megan.

— Não. Eu... Eu só não acho que existe um jeito de esquecer tudo e voltar como era antes.

                        Na verdade, ela também é uma coisa que me preocupa. Eu não sei mais do que a Megan é capaz. Só sei que ela pode e vai fazer tudo o que puder para conseguir o que ela quer e eu não vou ficar mais em seu caminho. Da última vez isso já quase custou  a minha vida.

— Então, o que você está esperando? Não tem nada te prendendo além de você mesma. Não que eu ache que você precise de um macho do lado para ser feliz, mas o Andrew é uma boa pessoa e se você sente alguma coisa por ele você devia dar uma chance.

— Ele é só meu amigo. - confirmei. - Além de ter todo o rolo com a Lauren, então não quero esse tipo de confusão agora. Eu preciso de um tempo para mim. Tudo parece tão confuso ultimamente.

— Bom, pensa nisso então. E chega dessa sopa nojenta. - ela virou o rosto, quando tentei lhe dar outra colherada.

— Não é nojenta! - opinei mexendo a colher na sopa.

                        Peguei uma colherada e assim que coloquei na boca meu estômago pareceu que virou do avesso, como se tudo que tivesse comido durante o dia inteiro quisesse sair de uma vez. Fui correndo para o banheiro e foi exatamente o que eu fiz.

— Tudo bem, ela é nojenta. - concordei depois de finalmente voltar para o quarto.

— Como você está?

— Bem melhor. - respondi.

— Não, quis dizer ultimamente. Você sentiu alguma coisa estranha? - ela me perguntou com uma cara diferente, quase séria.

— Bom, esse mês não está sendo o mais normal de todos, então não sei. - dei de ombros.

— Sua menstruação está atrasada?

— O que? Não, Angelina, não é nada disso! - ri pelo absurdo que ela estava imaginando. - A sopa só estava horrível, nada mais.

— Então por que você não respondeu minha pergunta? - insistiu.

— Porque está mesmo atrasada, mas não é nada disso. Minha menstruação nunca foi regular. Da última vez que você sumiu eu fiquei muito preocupada e acabou interferindo nela também, mas é só estresse. Daqui a pouco volta ao normal.

— Espera! Desde quando eu sumi? Alicia, isso já faz quase dois meses! - ela arregalou os olhos. Na verdade, nem tinha percebido que já tinha passado tanto tempo assim, tudo aconteceu tão rápido. - Agora muita coisa está começando a fazer sentido. - ela continuou. - O jeito que você estava diferente quando eu voltei, tanto fisicamente quanto seu jeito. Você nunca tinha gritado ou ficado brava comigo antes. Além das suas mudanças repentinas de emoções, das suas tonturas e cansaço, da sua fome interminável. Até banana você estava comendo, sendo que você odeia. E agora os enjoos. O que mais você quer de prova?

— Não! Não, Angelina, eu não estou grávida. - continuei negando, mas tudo fazia sentido. - Não pode ser! Não! Não agora. Eu nem estou mais com ele. Isso não pode acontecer! - tudo isso girava na minha cabeça me deixando cada vez mais tonta. Isso não podia estar acontecendo. Eu estava estressada, só isso. A Angie que estava exagerando como sempre.

— Só tem uma maneira de descobrir. - sugeriu. - Você vai ter que fazer o teste.