Capítulo 56

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POV Alicia

                  Depois daquele dia no escritório meu mundo desabou e perdi o total controle da minha vida e de mim mesma. Foi como se eu estivesse revivendo tudo de novo e a única coisa que eu podia fazer era voltar para onde tudo começou e aceitar que aquele era meu fim. Estava cansada de fugir do meu passado. Aquilo já era parte de mim e não adiantava mais lutar contra. Eu tinha perdido e não tinha mais forças para levantar e continuar lutando.

                   Estava deitada no sofá da sala derrotada da mesma forma que minha mãe costumava ficar. Não precisei de nenhuma substância para me deixar nesse estado quase insconsciente já que a toxicidade dos meus pensamentos já eram o suficiente para deixar minha mente em outro mundo, enquanto a perda de sangue pelos meus cortes se ocupavam de tirar as forças do meu corpo para se mover. Eu não me cortava mais desde que me mudei para república, mas agora meus braços não tinham nem mais espaço para novos cortes. Era a única coisa que fazia todos os dias até perder a consciência e repetir no dia seguinte. Poderia acabar com tudo isso com um só corte, mas não sei se era o medo de morrer ou a necessidade de me castigar que fazia com que eu controlasse a profundidade de cada corte para que pudesse fazer outros.

— Alicia! - ouvi uma voz me chamando e logo vi um vulto vindo em minha direção.

                     A pessoa se ajoelhou na minha frente e sorri fraco ao ver o rosto de Angelina. Devia ser só mais uma das minhas alucinações. Estava tão acostumada a perder a consciência que já não sabia mais quando estava acordada ou sonhando.

— Alicia, fala comigo! Você está bem? - ela tirou os fios de cabelo grudados no meu rosto e sentir o toque da sua mão quase me fez acreditar que aquilo era real. - Alicia, por favor! Fala alguma coisa! Eu vou chamar uma ambulância.

— Claro. - ri. Como se minha imaginação conseguisse ligar para algum lugar.

— Ai meu Deus, você já estava me assustando! - suspirou aliviada e depois me abraçou.

                    Fechei os olhos tentando gravar aquela sensação. Não tive a chance de abraça-la uma última vez e agora que seus braços me envolviam eu pude lembrar o que era se sentir protegida mesmo que por alguns minutos. Aquilo parecia tão real. Podia sentir sua respiração no meu pescoço e o calor do seu corpo.

— Você está mesmo aqui? - perguntei sentindo o nó que se formava na minha garganta apenas por considerar essa opção.

— Do que você está falando? Claro que estou. - olhou-me confusa, mas então pegou minha mão e colocou-a no seu tórax onde podia sentir seu coração batendo. - Ally, eu estou aqui! Você não está sozinha e se depender de mim nunca mais vai estar.

                      Uma explosão de sentimentos tomou conta de mim, dando-me energia o suficiente para sentar-me sofá e puxa-la de volta para perto. Abracei seu corpo como se fosse uma bóia de salva-vidas, e de certa forma era. Ela sempre era de capaz de ativar o resto de vida que tinha dentro de mim mesmo quando eu já nem sabia mais que existia. As lágrimas que já tinham se esgotado nesses últimos dias voltou a tomar conta do meu rosto enquanto o único som que conseguia emitir eram os soluços que rasgavam minha garganta.

— Está tudo bem. Estou aqui. Tudo vai ficar bem. - ela sussurrava.

— Desculpa! Desculpa por tudo!

— Você não tem que se desculpar por nada. Eu que tenho que me desculpar por ter demorado tanto por te encontrar e não estar ao seu lado quando você mais precisava.

— Como você sabia que estava aqui?

— Tenho que pedi desculpas por mais uma coisa. - fez uma pausa e eu já sabia como era a cara de culpada dela. - Eu li seu diário... Desculpa! Eu sei que eu não devia, mas estava desesperada. Já tinha te procurado em todo lugar possível e era minha última chance de encontrar alguma dica de onde você poderia ter ido.

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora