Capítulo 50

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Já se passaram quase duas semanas desde que tive aquela briga com o Kyle. A gente nem se falou mais e ele viajou de novo para divulgar sua música. Dessa vez consegui me segurar para não ficar pesquisando sobre ele e sobre o que ele estava fazendo. Não estava pronta para ver ele voltando para a vida de antes, cheia de festas e mulheres. Hoje teria uma reunião com o Adam, então fui para o Empire Tower. Tínhamos que acertar algumas papeladas pela situação da minha perna que deixava impossível que eu trabalhasse enquanto estava com o gesso. Ele já tinha me deixado de recesso, mas precisava assinar as partes legais. Um dos elevadores estava no térreo e eu me apressei para pega-lo, sorte que uma mão segurou a porta prestes a fechar.

— Senhorita Evans. - Parker abriu um sorriso assim que entrei no elevador. - Bom dia!

— Bom dia, senhor Parker! Dylan. - corrigi quando ele me repreendeu com o olhar.

— Bem melhor. - riu. - Faz tempo que não te vejo. Agora só nas revistas para ter a chance de ver seu belo sorriso. - minhas bochechas coraram e eu lembrei do que o Kyle disse.

— Obrigada. - falei sem graça.

— Você está fazendo um ótimo trabalho.

— Na verdade não tanto. - apontei para minha perna. - Mas obrigada.

— Seu senso de humor também está fazendo falta. - riu.

Gente, esse elevador parecia estar em câmera lenta. Eu precisava sair daqui. Ele é muito bonito e simpático, mas era meu antigo chefe. Eu não conseguia vê-lo desse jeito. Na verdade, não conseguia ver ninguém além do Kyle desse jeito.

— A gente devia sair algum dia desses. - propôs e eu fiquei sem reação, parecia até que meu corpo tinha dado um tranco.

Até que eu me toquei que o elevador que tinha dado o tranco, porque ele parou de repente. Ótimo, era exatamente isso que eu precisava agora. E o pior é que já estávamos no andar certo, era só abrir a porta. Parker começou a apertar o botão de emergência, mas não mudava nada. Nem mesmo o interfone estava funcionando. Olhamos para nossos celulares, mas eles estavam sem sinais. A gente não ia sair daqui tão cedo... Depois de um tempo meu pé começou a doer então sentei no chão do elevador mesmo, enquanto Parker andava de um lado para o outro sem parar.

— Está tudo bem? - perguntei já que ele não parecia estar só impaciente, mas sim desesperado.

— É... Na verdade não. Nem um pouco. Eu tenho claustrofobia. - ele passou a mão pelo rosto e depois pousou no peito que levantava e abaixava rapidamente enquanto ele respirava ofegante. - E asma.

— Mas você anda com sua bombinha, né?

— Normalmente sim, mas ela está na minha sala agora.

Ótimo e agora? Eu não tinha a mínima ideia de como ajudar em um ataque de pânico e de asma. Ele estava cada vez mais inquieto e eu não sabia o que fazer.

— Eu posso fazer alguma coisa para ajudar? - levantei rapidamente quando percebi que ele estava ficando muito pior.

— Não. - respondeu sem fôlego se apoiando em uma das paredes.

Chequei meu telefone, mas ele continuava sem sinal. Tentei acalma-lo, mas não adiantava muito, sua respiração ainda estava descompensada. Então ele começou a tirar a camisa. Fiquei meio desconfortável, mas se aquilo fosse ajudá-lo por mim tudo bem, só virei meu rosto para o outro lado. Barulhos começaram a apitar no elevador e vozes vieram do lado de fora da porta. O alívio tomou conta quando finalmente a porta foi aberta. Pelo menos até que saímos do elevador, porque assim que saímos no hall meu coração parou de novo. Kyle estava ao lado de Adam, com os olhos semicerrados e com o maxilar travado. Olhei para o Parker lembrando do estado que ele estava ainda mais sem camisa e considerando o que o Kyle me disse aquele dia no hospital, já podia imaginar o que ele estava pensando que aconteceu ali dentro.

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora