Capítulo 67

310 54 1
                                    

                      Depois de esperar o que parecia uma eternidade, finalmente o resultado do teste tinha saído. Eu continuava negando a mim mesma que isso poderia ser verdade, apesar de fazer muito sentido. Não tive coragem de abrir, então fui direto para o quarto de Angie. Antes mesmo de eu abrir a porta, ela já se abriu e eu levei um susto como se estivesse fazendo alguma coisa errada.

— Oi. - Lauren sorriu sem mostrar os dentes.

— Oi! Você já está indo? - perguntei sem saber o que falar, já que não nos falamos desde a conversa mais incomoda de todas.

— Sim, preciso ver umas coisas da faculdade. - ela tentou ver o que tinha na minha mão, mas eu tirei os papéis da sua visão antes que ela lesse.

— Então outro dia a gente se vê! - me despedi entrando logo no quarto.

— Ainda com medo da Lauren? - Angie perguntou assim que fechei a porta.

— Só não queria que ela visse sobre o que eram esses papéis. - ela me olhou como quem espera uma resposta, mas já a avisei. - Não sei, ainda não tive coragem de abrir.

— Não tem muito que você possa fazer para mudar isso agora, o máximo que pode fazer é saber o que realmente está acontecendo. - ela me incentivou. - Eu sei que você está com medo, pode ter certeza que sei como é ter essa dúvida, mas seja o que for a gente vai dar um jeito.

— Eu não estou pronta para isso! - desabafei. - Eu não quero ser como a minha mãe. Eu não quero fazer alguém passar pelo o que passei. Eu tenho medo! E se eu acabar como ela? E se eu me deixar levar por um amor que talvez nem exista ou nunca existiu? Eu não quero que um bebê sofra no meio de tudo isso.

— Alicia, não fala isso! Eu sei que esse não é o melhor momento para essa situação, mas você não é como ela. Não vou mentir, porque isso pode não ser fácil, mas eu sei que você consegue. Você é a garota mais forte que eu conheço. Na verdade, vendo por tudo que você já passou, o quanto você mudou e amadureceu desde quando eu te conheci, você já é uma mulher. Uma mulher forte e amável que eu sei que será uma ótima mãe. Talvez agora, talvez daqui alguns anos, mas quando isso acontecer você não precisa ter medo, porque você tem todas as qualidades que alguém poderia querer em uma mãe. E justamente por ter tido o passado que você teve que eu sei que você será a melhor mãe possível.

                     Sempre pensei que nunca teria filhos, muito menos que teria uma família algum dia. Já tinha me conformado a não criar expectativas quando o assunto era pessoas, porque no fim só o que eu recebia era decepção. O que tinha de ideia para um futuro era uma vida solitária e que talvez fosse forte o suficiente para aguentar a mim mesma, mas esse último ano me fez ver a vida de outra forma. Tudo o que eu pensei que sabia ou sentia mudou. Minha perspectiva da vida e até mesmo quem eu sou mudou bruscamente. Por um momento consegui me ver em uma família, apesar de continuar tendo medo de ter filhos, eu conseguia imaginar isso com o Kyle. Muitas vezes me imaginei assim, mas sempre em um futuro distante, não agora.

— Ally! - Angie pôs sua mão fraca por cima da minha, enquanto seus olhos suaves me olhavam como se pudessem me abraçar. - Eu não posso dizer que vou estar do seu lado sempre que você precisar, porque não sei por quanto tempo posso manter essa promessa. Mas de uma coisa eu sei, nada acontece sem algum propósito, então seja qual for o resultado só lembre que a vida nunca nos dá algo que não somos fortes o suficiente para aguentar.

                        Com minhas mãos ainda tremendo abri o envelope. Meus olhos correram desesperadamente pelo papel cheio de palavras, até que parou na palavra que mudaria a minha vida de agora em diante. Positivo! Essa palavra ecoava pela minha cabeça, enquanto meus olhos liam e reliam aquilo mil vezes. A angústia e desespero aos poucos foram se tornando em alegria e euforia que eu nunca imaginava que sentiria. Minhas lágrimas escorriam cada vez mais, mas junto delas um sorriso se formou em meu rosto. Posso ser uma louca por me sentir assim em uma situação dessas, mas eu nunca me senti mais viva.

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora