Capítulo 28

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                      Fomos um pouco longe de onde estavam os cenários, chegando no topo de um morro onde podíamos ver toda a cidade. Eles pediram para que eu entrasse no carro conversível que estava estacionado lá e quando me explicaram como seriam as cenas eu quis me tacar de lá de cima. A esse ponto já não tinha nada que eu pudesse fazer. Já estávamos lá com tudo pronto e eu já tinha assinado o contrato. Teria que fazer querendo ou não. Entrei no carro e enquanto eu esperava fiquei apertando minhas mãos tão forte que já estavam quase amortecidas.

— Claro que vocês escolheriam um carro exatamente igual ao meu. - Kyle revirou os olhos. Pelo jeito eu não era a única que não estava confortável com essa história que eles estavam querendo vender.

                         Quando ele se sentou ao meu lado não deu tempo nem de ficar o clima constrangedor porque no mesmo segundo eles já começaram a gravar. Não é atoa que ele também era ator, porque agora enquanto acariciava meu rosto e me olhava dessa maneira quase me convenceu de que não me odiava mais. Até que ele me beijou e fez um turbilhão de sentimentos diferentes tomarem conta de mim.

                          Calma, Alicia! Lembre que isso é só um trabalho. Se ele consegue fingir que isso é normal você também pode. Juntei minhas forças e sai do meu banco indo para o colo dele, porque estava no script, claro. Não teria coragem de fazer isso por conta própria nunca. Ele começou a intensificar o beijo, mas quando suas mãos começaram a passar pelo meu corpo eu acabei afastando-o por reflexo. O que só piorava as coisas, porque agora teria que regravar a cena e claro que ele não perdeu a chance de me provocar.

— Tudo isso para poder me beijar mais?

                         Eu só fingi que não escutei e pedi desculpas para a produção me sentindo uma completa idiota. Não podia atrapalhar o trabalho deles, eles não tinham nada a ver como isso. Minha estratégia agora era fingir que aquilo era só mais um dos inúmeros sonhos que eu já tive com ele, porque quanto mais eu errasse mais eu teria que repetir.
                      
                         Dessa vez não demorou muito até termos as cenas necessárias. Apesar de tentar ignorar, sabia que tinha uma parte em mim que tinha gostado daquilo, apesar de ter sido um beijo completamente forçado. Agora só tínhamos que ficar deitados no capô do carro sob o céu estrelado, enquanto minha cabeça estava apoiada em peito e seus braços me envolviam.

                         Não pude evitar de imaginar como seria se aquilo fosse real. Era uma ilusão pensar que era possível, mas ao menos tempo também nunca imaginei que poderia beija-lo algum dia e agora já tinha feito mais de uma vez. Por que ele tinha que ter mudado tanto? Não só comigo, mas em geral. Se ele podia agir assim quando estava atuando, também poderia fazer na vida real.

                         Até me esqueci do quão rude ele poderia ser enquanto suas mãos passavam pelo meu cabelo com tanta suavidade. Ele me tocava com cuidado, olhando-me com paixão como se não estivesse mandando-me olhares mortais há alguns minutos. Quando ele sorriu não precisei nem atuar, porque o meu sorriso apareceu como resposta no mesmo instante. Com toda a iluminação seus olhos pareciam mais claros ainda, e estavam diferentes... Brilhantes, como naquela noite em sua casa. Como se eles tivessem tomado vida novamente. Mas a gente só estava atuando. O que me fazia pensar, será que na casa dele também foi fingimento? Todo o lado carinhoso e gentil dele foi só uma atuação?

— E... Corta! - de novo tinha me esquecido o que estava fazendo, como sempre quando estava perto do Kyle. Parecia que o mundo desaparecia e só existisse nós dois.

— Isso foi ótimo! - Adam veio na nossa direção. - Eu sabia! Eu disse que isso ia dar certo. Vocês têm uma química muito forte. Foi tão bem feito que nem parecia atuação. - deu um sorriso pretensioso.

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora