— Falei com aquele meu amigo segurança. Ele disse que vai estar lá hoje e consegue te botar dentro.
— Pensei que você tinha esquecido disso, Angie. - ou pelo menos eu esperava que tivesse, já que ainda estava insegura de ir naquele lugar.— Até parece. Eu disse que ia te apresentar as coisas boas.
— Não sei...
— Ally, por favor! - ela juntou as mãos e até fez beicinho.
Bem que as meninas já me avisaram que a Angelina é como uma criança, não importava o que ela fizesse era impossível ficar brava com ela ou dizer não.
— Tudo bem.
— Bom mesmo. Senão já ia te bater por sair com a Melissa, mas não comigo. - resmungou cruzando os braços, mas não deu nem um segundo e ela começou a rir como sempre. - Agora vamos escolher nossas roupas.
Fomos para o quarto dela primeiro. Ela tinha tanta roupa que demorou horas para escolher o que queria, já que praticamente experimentou o armário inteiro. Era estranho como ela não se sentia desconfortável de se trocar na minha frente, mas pela frequência que via essas meninas andando pela casa quase sem roupa, a estranha devia ser eu. Por fim escolheu uma saia preta justa de cintura alta e um top cropped brilhante, que deixava uma faixa de sua barriga à mostra. A roupa era linda, mas eu não usaria aquilo, não mais. Começamos a analisar minhas roupas de novo, enquanto ela me sugeria algumas, mas eu sempre negava. Não conseguia me ver mais nelas.
— Menina, eu vou te bater!
— Melhor eu não ir. - deitei na cama derrotada.
— Ally, a gente já falou sobre isso. Você prometeu tentar lembra? - assenti. - Então vai, deixa eu te arrumar hoje do jeito que eu quiser. É uma noite só, se você não gostar amanhã pode voltar a se arrumar como quiser.
— Tudo bem. - desisti depois de pensar um pouco.
Ela levantou batendo palma toda animada e não perdeu tempo em ir direto em um vestido. Apesar dele ser vermelho era relativamente discreto e não mostrava muita coisa. Lembro que esse era um dos meus vestidos favoritos. Ainda estava insegura de usá-lo de novo, mas aceitei já que tinha prometido tentar. Angelina foi para o quarto dela e eu fui tomar banho. Quando coloquei o vestido e me olhei no espelho foi como se fizesse uma viagem no tempo e visse a Alicia de antes. A Alicia de verdade.
— Ally, quanto você calça? - Angie entrou de repente. - Aí meu Deus! - ela gritou, assustando-me. Aquele vestido era chamativo demais? Olhei para o espelho de novo sentindo a insegurança voltar. - Você está tão linda! E nem te maquiei ainda.
— Ah... obrigada. - agradeci sem graça. - Você também está linda. Vai deixar os meninos mais loucos do que você já deixa.
— Tomara. - ergueu as mãos para o céu dramaticamente me fazendo rir.
— Duvido que agora o Daniel não se apaixona.
— Está louca, é? Hoje nem sei quem é Daniel. Sou uma criança numa loja de doces. Só querendo botar tudo na boca.
Não sei se algum dia iria me acostumar com essa sinceridade exagerada dela, mas eu gostava disso, apesar de me deixar sem palavras na maioria das vezes. Fomos para o seu quarto onde tinha uma maleta cheia de maquiagem. Ela me fez sentar na cadeira e me deixou de costas para o espelho, deixando-me mais apreensiva ainda. Ela estava tão concentrada que parecia que estava pintando um quadro.
— Voilà! - ela me virou para o espelho.
Fiquei petrificada por um tempo. O sombra na minha pálpebra, a cor avermelhada nos meus lábios, aquilo era eu mas ao mesmo tempo não era. Sentia uma batalha interna dentro de mim. Uma parte amava, como se eu me sentisse digna de olhar para o espelho de novo. Mas a outra parte odiava e estava desesperada para sair desse corpo, como se estivesse em outra pessoa, ou pior, como se tivesse voltado para o passado completamente.
— Eu disse que você só faltava ser polida. Olha esses olhos! Eu mataria para ter essa cor. - ela riu, mas eu ainda estava em choque. Soltei meu cabelo que estava preso em um coque, fazendo os fios caírem ondulados. - Iiii... Melhor a Lauren tomar cuidado. Quero só ver quando o Andrew te ver assim.
— Angelina! - a repreendi, mas logo depois a abracei. - Obrigada!
— De nada, gata. Só não pega todos os caras lá, viu? Deixa um pouco para mim. Estou precisando malhar a língua.
A campainha começou a tocar sem parar. Calcei um salto que a Angie me emprestou e descemos. Estava meio atrapalhada, fazia anos que não usava salto e meu pé ainda doía um pouco pela torção, mas nada insuportável.
— Caralho! - Daniel exclamou assim que a Angie abriu a porta. Impossível ele não gostar dela mais do que como amigo. - Acho que não vou levar vocês para a boate não. Vou é fugir com as duas.
— Coitado, não aguenta nem com uma.
— Você não reclamou quando...
— Cala a boca! - Angie o interrompeu e depois riu.
Ele agia como se aquilo fosse normal, enquanto eu estava corada tanto pelo comentário dele quando nós viu quanto por presenciar essa conversa um tanto quanto estranha.
A faixada da boate era toda preta com os letreiros neon. Já tinha visto aquele lugar, mas não me lembrava onde. Era sábado, então até que era normal estar cheio, mas estava lotado demais. Estava tudo muito movimentado, até paparazzis ocupavam as ruas. Mas como essa era uma cidade grande e aqui era um bairro caro, devia ser normal.
A fila estava enorme, mas a Angie foi direto para a entrada, onde falou com um segurança, provavelmente aquele amigo dela. Ele me olhou de cima a baixo dando um sorriso e liberando a entrada. A música estava tão alta que podia ser o ritmo da música batendo dentro do meu peito. Nos aproximamos de um grupo de meninos e pude reconhecer alguns. Aquele Tyler, ex da Angie, estava lá agarrado numa menina, mas quando chegamos eles saíram.— Preciso de uma bebida. Quer uma? - Angie me perguntou.
— Não, obrigada. Você está bem? - pude ver a raiva que tomou conta do rosto dela quanto viu aquela cena. Ela apenas assentiu com a cabeça e saiu se perdendo na multidão.
— Você está muito bonita! - uma voz disse atrás de mim.
— Obrigada, Andrew. Cadê a Lauren? - perguntei, mas me arrependi na mesma hora. Deve ter ficado estranho eu perguntar isso logo depois que ele me elogiou.
— Ela não pôde vir, está viajando.
Ficou um silêncio constrangedor, então tive que inventar alguma coisa.
— Vou pegar alguma coisa para beber. - ele assentiu e eu sai soltando o ar.
Demorei um pouco para achar o bar e quando cheguei lá a Angie não estava, então já devia ter voltado para o grupo. Já que estava ali, achei melhor beber alguma coisa. Nunca tomei bebida alcoólica, não gostava disso. Sei que é a fase "rebelde" de todo mundo, que vemos em filmes e desde pequenos esperamos ter idade para isso. Mas para mim era diferente, só me lembrava da minha mãe, de todas as vezes que a vi no chão jogada sem consciência, do olhar vazio dela e das vezes que em soluços pedi para ela parar com isso, mas só recebi um tapa como resposta. Não queria terminar como ela. Então pedi só uma água.
Voltei para onde os meninos estavam. Angie tinha voltado e estava se agarrando com algum cara que nunca tinha visto. Depois ela me puxou para a pista de dança e pediu para que eu me soltasse já que estava praticamente como uma estátua ao seu lado. A sua forma louca e descontraída de dançar me motivou a pelo menos me balançar no ritmo da música.
Algumas musicas depois um homem grande se aproximou e disse que eu e a Angelina estávamos convidadas para um dos camarotes. Angie me deu um sorriso largo e sem me dar chance de dizer alguma coisa me puxou em direção às escadas. O camarote era grande e dava para ver a pista inteira lá de cima. Ao nosso redor várias mulheres passavam com vestidos mais curtos que minhas blusas.
— Ally, aquele não é o....
— Aí meu Deus! - gritei levando a mão a boca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]
RomanceKyle Collins pode ser a maior estrela entre as celebridades, mas para Alicia ele é muito mais do que isso. Ele é a única estrela que ilumina a escuridão que ela tem como vida. Presa em um ambiente problemático tanto na sua escola quanto em sua própr...