Capítulo 42

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— Acorda! - senti meu corpo balançando. Abri os olhos vendo Ellie pulando na cama, bem no meio entre mim e Kyle. - Tia Lice! - ela exclamou assim que viu que eu tinha acordado.

— Ellie sossega! - Kyle resmungou com a voz rouca, abrindo só um dos olhos e fechando-o logo depois.

— Não, dorme não! - Ellie sentou no peito de Kyle, tentando abrir os olhos dele com seus dedinhos gordinhos. Só pude rir dessa situação.

— Ellie! - Kyle segurou seus braços. - Lembra do monstro que a gente viu ontem? - perguntou se referindo a quando passamos na frente do castelo mal assombrado e ela assentiu. - Então, se você não sossegar eu vou mandar ele comer suas mãozinhas. - riu fingindo que ia morder as mãos dela e ela arregalou os olhinhos.

— Kyle! - o repreendi.

— Não! - Ellie veio rápido para o meu lado me abraçando forte. - Tia lice, não deixa não!

— Está tudo bem, Ellie. Ele não vai fazer nada. - acariciarei seu cabelo, metralhando Kyle com os olhos, mas ele continuava rindo.

— Eu falei para você não acordar ele. - Masson entrou no quarto se sentando na beirada da cama.

— Ah então você sabia e deixou ela fazer isso?! - Kyle questionou e Masson parecia saber o que ia acontecer, mas antes que ele pudesse sair correndo Kyle o pegou e começou a fazer cócegas nele, que se contorcia e gargalhava alto.

— Não! - Ellie montou nas costas de Kyle, tentando impedi-lo de fazer cócegas em seu irmão, o que achei a coisa mais fofa desse mundo.

— O que é isso? Virou rebelião agora?!

                        Em questão de segundos ele conseguiu tirar Ellie de suas costas e começou a fazer cócegas nela também. Ver isso era como ver o melhor filme possível com ele. Como eu queria que todo mundo soubesse desse lado maravilhoso dele. Ver isso me deixava tão feliz e ouvir as gargalhadas deles me fazia rir também. Até que Kyle me olhou com um sorriso sapeca.

— Você também?!

— Não! Eu não estou fazendo nada. - tentei me defender, mas ele foi muito mais rápido que eu e logo começou a me fazer cócegas também. Ellie e Masson tentaram me ajudar, mas Kyle era muito mais rápido que todos nós. Até que eu consegui me soltar e assim eu e as crianças começamos a dar nossa vingança. Agora quem estava gargalhando era Kyle e foi o melhor som que já ouvi em minha vida.

— Tudo bem! Tudo bem! - Kyle tentava falar ao meio das risadas. - Eu não faço mais.

— É fácil falar quando é você quem está preso. - provoquei.

— Eu juro, não faço mais... por hoje. - ele completou.

— O que vocês acham? - perguntei para as crianças.

— Tem que dá ele pro monstro agora. - Ellie respondeu e eu ri. Essa é mesmo parente do Kyle.

— Eu levo vocês para ver os animais que vocês tanto queriam hoje. - Kyle propôs. Ellie e Masson se olharam por um tempo.

— Tudo bem! - eles falaram em uníssono.

[...]

— Olha! O leão está olhando para cá! - Masson apontou todo empolgado.

— Acho que ele está com fome. - Kyle comentou. - Acho que ele vai gostar dessas perninhas gordinhas. - provocou pegando nas pernas de Ellie, que envolveu seus braços com mais força no meu pescoço, já que ela estava no meu colo.

— Para de provocar a menina! - o repreendi, mas ele deu seu sorriso que me desconstrói.

                      Abracei ela de volta e digamos que não era só ela que estava com medo de estar aqui. Quando estava nas girafas e zebras estava tudo bem, elas eram calmas e já deviam estar acostumadas com as pessoas. Kyle e Masson até acariciaram algumas. Eu até achei fofos, mas não toquei. Não sou corajosa para nada mesmo. Os leões não estavam soltos, mas estavam bem próximos. Kyle pousou sua mão em minhas costas e me deu um sorriso de conforto. Como pode a gente se conhecer a tão pouco tempo, mas ao mesmo tempo se conhecer tão bem? Ele parecia saber tudo o que se passava pela minha cabeça.

                       Ao final do passeio conhecemos um dos instrutores dos animais. Ele tinha um sagui em seu ombro, que assim que nos aproximamos veio para meu colo se agarrando como se fosse um bebê. Deve ter sido o único animal que não tive medo. Ele era todo brincalhão e parecia mais um humano do que um animal.

— Eles sempre reconhecem a família. - Kyle me provocou, mas nem me dei ao trabalho de responder. O macaquinho Philip logo pulou no colo de Kyle, bagunçando seu cabelo bem delineado que ele tinha tanto cuidado em arrumar.

— Karma é uma coisa mesmo, né?! - ri. Kyle colocou Philip no chão, que logo começou a brincar com as crianças. Ele não perdeu tempo e começou a arrumar o cabelo de novo.

— Eu quero um macaquinho. - Masson implorou.

— Eu também. - Ellie concordou.

— Ah claro! Sua mãe já quase me matou pelo cachorro. Imagina se eu chegar com um zoológico em casa. - ele acendeu a tela do seu celular e meu coração parou ao ver aquilo. - Melhor a gente ir, já está na hora no almoço. - avisou.

— Kyle. - chamei baixo e ele me olhou. - Isso é... a minha foto? - perguntei apontando para o celular.

— É. - ele acendeu de novo o celular mostrando a foto de papel de parede que ele tirou aquele dia na praia e senti meu coração parando.

— Por que?

— Ué, só você pode ter uma foto minha no seu celular?! - meu estômago pareceu cair no mesmo instante. Não sabia que ele já tinha visto meu celular. - Não precisa ficar com vergonha, eu já sei que você é obcecada por mim, lembra? - dei um tapinha em seu ombro, mas ele pegou minha mão e a beijou.

                         Depois de aproveitar o resto do parque que não tivemos tempo de ver ontem fomos ver o desfile final. Alguns funcionários nos abordaram antes de começar e nos convidaram para participar. Estava tão acostumada com o jeito moleque de Kyle, que por um tempo tinha esquecido o quão importante e famoso ele era. Ficamos no carro alegórico que abria o desfile. Ellie estava no colo de Kyle e acenava toda feliz para as pessoas como se fosse uma princesa. Masson era mais tímido, então só ficou segurando minha mão. Eu também estava meio desconfortável com todo mundo nos olhando, mas Kyle segurou em minha outra mão liberando sua dose anestésica em meu corpo.

                        Como eu queria que isso nunca acabasse. Esses dois dias foram os mais felizes da minha vida. Cada dor ou problema que passei em minha vida valeu a pena só por terem me trazido onde estava hoje. Toda a ideia de uma família que eu tanto queria agora eu tinha. As garotas e os garotos das repúblicas, Kyle, Jake e as crianças, todos eram uma parte de mim agora. Pela primeira vez sentia que não estava sozinha.


                      

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora