A casa deles parecia maior ainda agora que estava limpa e relativamente vazia. Aos poucos fui conhecendo um pouco de cada um e foi ficando mais fácil de esquecer o sexo deles. Se na nossa república já era uma agitação, aqui era mais ainda. Era como se tivesse mais 8 Angelinas. Era honestidade demais e risadas mais ainda. Bem que a Angie tinha dito que amigos homens eram diferentes. Eles pareciam crianças em corpos de adultos, o que deixava a situação mais engraçada.
— Ah! Na moral, achei que as nossas eram as pares. - Angie reclamou depois de encaçapar a bola errada. Ela estava jogando de dupla com o Daniel, contra a Rachel e outro cara.
— Aprende a perder Angie. - o tal cara provocou. - Não sabe diferenciar as bolas agora?!
— Entre as suas e as de gude a não sei mesmo. Talvez as de gude sejam um pouco maiores. - Angie como sempre causando e fazendo todos rirem de seus comentários inusitados.
— E corte? Está cicatrizando? - Andrew me questionou, enquanto sentava com a Lauren do meu lado no sofá.
— É, eu soube que você se machucou. Você está melhor? - Lauren perguntou logo em seguida e Andrew me lançou um olhar de quem pedia desculpas. Eu tinha pedido para ele não contar para ninguém, mas como a Lauren apareceu do nada me vendo com a camisa toda cheia de sangue no quarto dele, então não tinha como ele inventar outra coisa.
— Estou sim. E obrigada de novo.
— Relaxa, só estou fazendo meu trabalho.
— Mas se você precisar de um médico de verdade eu conheço um muito bom. - Lauren avisou fazendo Andrew a apertar na barriga.
— Ei! Eu sou um médico de verdade. Tudo bem... quase. - aceitou derrotado nos fazendo rir e a Lauren deu um selinho nele.
— Obrigada, mas já estou bem mesmo. - mesmo se não estivesse, para ir num médico no nível da Lauren, teria que vender minha antiga casa só para pagar uma consulta.
— Você que sabe. - deu de ombros. - Nicole vem comigo ao banheiro?
— Nunca vou entender vocês mulheres. - Andrew comentou balançando a cabeça. - Para que tem que ir juntas? Precisa de apoio emocional para mijar? Ou duas mãos não são suficientes para se limpar?
— Você nem imagina o que faço. - Nicole piscou dando uma apertada na bunda de Lauren. Ela realmente era quase tão doidinha quanto a Angie.
— Morzinho, posso usar o banheiro do seu quarto? O daqui de baixo é nojento.
— Claro, amor.
— Vocês roubaram! - Angie voltou a reclamar. - Não sei para que isso de ímpar ou par. Encaçapei mais que todo mundo, para que diferenciar? Bola é bola. Coitadas, elas não precisam se sentirem diferentes.
— Então abre uma ONG a favor do direitos das bolas, até lá você perdeu.
— Vem Ally, quer jogar?
— Ah... - era péssima em qualquer coisa que precisasse de coordenação. Nem para andar eu prestava e meu tornozelo que ainda estava dolorido era a prova disso.
— Vai lá! Você precisa me representar, agora que roubaram de mim. - Angie incentivou dando ênfase no "roubaram".
— Tudo bem. - quem sabe depois de verem o quanto eu era ruim, na próxima eles não pedirão de novo.
— Quem mais?
— Eu. - Andrew levantou do sofá.
— Ah! Agora eu preciso jogar também. - Nicholas levantou logo em seguida. - Está pronto para perder?
— Você não desiste, né Nick?! - Andrew riu. - Precisa de mais um agora.
— Mel! - a chamei. - Joga com a gente.
— Ótima escolha. - Angie deu um sorrisinho, provavelmente pensando que tinha escolhido ela por causa da sua quedinha Nicholas, mas nem tinha pensado nisso. Se bem que não me parecia uma má ideia.
— É... Tudo bem. - sua bochechas estavam completamente vermelhas.
Ficamos com as pares. Eu era uma decepção, agora até entendia a raiva da Angie nessa diferenciação das bolas. Era muito difícil acertar as suas. Melissa também estava errando quase tudo, mas mesmo assim era melhor do que eu. Já o Andrew e o Nicholas pareciam até que o ganhador iria levar um carro como prêmio.
— É disso que estou falando! - Andrew ficou animado batendo a mão na minha, depois que eu milagrosamente encaçapei uma, desempatando o jogo.
Era a vez da Melissa, ela parecia mais nervosa ainda. Se pudesse voltar no tempo, teria errado só para ela não se sentir mais pressionada. Mas parecia que hoje era o dia dos milagres, porque apesar da bola branca ter ido longe da bola 7, ela bateu numa das quinas, voltando e a encaçapando.
— Isso! - Nicholas abraçou Melissa, tirando-a do show e ela virou um pimentão de tão vermelha. Pude ver Angie vibrando no sofá e a lancei um olhar, antes que ela começasse a falar de mais.
— Só aprende. - Andrew só precisava acertar essa e a gente ganhava.
— Merda! - Nicholas reclamou quando a bola foi encaçapada.
— Eu avisei! Mas tudo bem, eu adoro ganhar de você. - Andrew disse dando um tapinha nas costas de Nicholas. - Isso aí, parceira! - ele deu outro tapa na minha mão.
— Eu nem fiz nada.
— Fez sim. Você encaçapou uma esqueceu?
— É, mas você e o Nicholas pareciam profissionais.
— Isso que é a vida numa república. Daqui a pouco você vai melhorar e aí vamos acabar com o Nick de novo. - ele falou o final mais alto provocando o Nicholas.
Esse com certeza foi o melhor final de semana da minha vida. Nunca sorri e dei tanta risada como esses últimos dias. Depois que voltamos para casa que eu me dei conta de que nem tinha levado meu celular, porque pela primeira vez estava vivendo sem ser por trás dessa tela. Quando vi que tinha uma ligação perdida de um número desconhecido meu corpo ficou tenso por um segundo pensando que podia ser meus pais, mas então vi a mensagem enviada pelo mesmo número: "Só para checar se você chegou bem. Boa noite bela adormecida. -K".Enfiei a cara no travesseiro e dei um grito, porque quando se tratava do Kyle, eu não sabia o que era maturidade. Eu virava uma criança com seu primeiro amor, porque isso era exatamente o que era para mim. Já me apaixonei outras vezes, mas nada se comparava com o que sentia por ele. Minha bochecha já estava doendo pelo sorriso bobo que não saia da minha cara e fiquei pirando por tanto tempo que quase esqueci de responder. Até que lembrei que estava sem crédito. Óbvio que isso aconteceria na pior hora possível!
Não sabia como conseguiria dormir depois disso. Fechava meus olhos, mas tudo o que vinha na minha cabeça eram aqueles olhos intimidades, nossos corpos entrelaçados, seus lábios macios, o toque na sua pele na minha, sua voz tão perto de mim, o seu cheiro. E assim como todo dia da minha vida, fui dormir pensando no meu Kyle. Só que pela primeira vez ia dormir sabendo que poderia vê-lo também quando estivesse acordada.
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A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]
RomanceKyle Collins pode ser a maior estrela entre as celebridades, mas para Alicia ele é muito mais do que isso. Ele é a única estrela que ilumina a escuridão que ela tem como vida. Presa em um ambiente problemático tanto na sua escola quanto em sua própr...