Capítulo 26

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— Essa é a loja que eu falei. - Amanda disse quando chegamos.

— Eu amo essa loja! - Angie pulou animada.

— As roupas são bonitas, mas... elas devem ser muito caras. - mesmo tendo recebido o pagamento pela semana que trabalhei na gravadora, eu não tinha tanto dinheiro assim. Não para essas roupas absurdas que devem ser feitas com fios de ouro para ser tão caras.

— Esse não é o problema. Adam que vai pagar por isso.

— O que? Tem certeza? Eu posso usar as minhas roupas mesmo e...

— Alicia! Não vou ter que te explicar tudo de novo, né?

— Eu sei que é tudo sobre imagem, mas minhas roupas são tão ruins assim?

— Você precisa de roupas para os eventos, entrevistas, essas coisas. Dependendo de que cidade você está, até para andar na rua. Depois de um tempo as marcas começam a te mandar de graça, mas até lá você precisa de roupas novas.

— Só não me parece certo gastar o dinheiro dele comigo.

— Fala sério, Alicia! O Adam pode gastar o quanto ele quiser que nunca vai conseguir gastar todo o dinheiro que tem. Além do mais, isso está mais para um investimento do que presentes.

— Tudo bem. - cedi.

                     Eu não queria menosprezar ou ser ingrata, mas não gostava das pessoas gastando dinheiro comigo. Depois de tanto tempo cuidando de mim mesma, quando eu recebia algo de alguém, seja atenção ou algo material, não me parecia natural. Sentia como se fosse apenas um favor que depois eu teria que pagar de alguma forma. Para mim, sempre que uma pessoa me ajudava era por alguma segunda intenção, porque alguém faria algo para mim que não os beneficiasse? Isso era um fato para mim, mas depois de conhecer as meninas, muitas das minhas concepções mudaram. Mas meu primeiro instinto continuava sendo de sempre desconfiar.

                    Angie e Amanda estavam todas animadas escolhendo as roupas como se fossem para elas. Uma pequena parte de mim estava animada sobre isso. Antes isso seria um paraíso para mim. Agora eu nem sabia mais o que sentir sobre isso. Eu via uma roupa e achava linda, mas ao mesmo tempo não sabia se tinha coragem para usá-la. Por isso deixei elas escolherem tudo. Assim podia enganar minha mente, vendo isso como uma obrigação e não como uma mudança que eu escolhi, poupando o peso na minha consciência.

— Ally? Acorda minha filha.

— Desculpa. O que você disse?

— Você devia experimentar esse também.

— Ah... Tudo bem.

— Até parece que você está escolhendo seu caixão, não roupas novas.

— Desculpa, só estou cansada. A gente comprou roupa suficiente para a minha vida inteira.

— E desde quanto tem limites para roupas? Roupa é igual homem, quanto mais melhor.

— Mas parece que você já está mudando de opinião quanto a isso, né? - apontei para o celular dela que estava vibrando pela milésima vez no dia.

— A gente só está conversando.

— E aquele papo de pegar só uma vez e partir para o próximo?

— A culpa não é minha que ele é tão bom que não consigo parar na primeira.

— Mas você não está só pegando mais de uma vez. Vocês conversam pelo celular todos os dias.

— Nem é todo dia. - a reprimi pelo olhar. - Tudo bem, talvez seja. Mas não é nada. A culpa também não é minha se além de gato ele é gente boa.

A única estrela no meu céu [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora